quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O coração solitário de Jesus


José, pai adotivo de Jesus, quase perdeu a respiração e ficou com o coração partido quando sua imaculada e amada futura esposa lhe apareceu grávida. Meu Deus, como ela pôde fazer isto? “Como teve coragem de me trair, não dizia que me amava”?”Quem será o amante dela?” Estas e outras perguntas, com certeza, perturbaram-lhe a mente. Seu coração se acalmou quando recebeu, por meio de sonhos, a revelação de que o filho que Maria esperava era obra do “Espírito Santo”. Mesmo aceitando a revelação, provavelmente o coração do jovem José, a partir daquela descoberta não seria mais o mesmo. É normal que tenha desejado muitas vezes ser o pai biológico de Jesus. Tais sentimentos devem ter provocado indiferença e frieza no relacionamento entre ele e Jesus. É bem provável que Jesus não tenha recebido o mesmo carinho e atenção que seus outros meio-irmãos,filhos de José com Maria,recebiam.Isto talvez o deixasse triste, solitário e “magoado”. Um fato ocorrido durante a festa da Páscoa merece destaque. Não é possível deduzir se tal atitude foi motivada pela suposta frieza e indiferença de José ou se pela provável falta de compreensão e apoio de sus pais ao seu Ministério. Após a festa, Jesus “sumiu” por três dias sem avisar aos pais. Ele tinha doze anos. Segundo a Bíblia, quando foi encontrado, estava na sinagoga entre os doutores da lei, interrogando-os.Por que não avisou a seus pais ?Tivera algum desencanto com eles no dia da festa? Estava chateado com eles? Não compreendiam sua missão? Não lhe deram a atenção devida? Ao ser encontrado por sua mãe,ela lhe disse:-“Eis que teu pai e eu te procurávamos ansiosos”. O garoto Jesus respondeu – “Não sabeis que estou cuidado das coisas de meu Pai?” Nesta afirmação Jesus parece querer indicar que seus pais sabiam de sua missão, mas demonstraram maior preocupação com a sua ausência do que com sua Missão. Talvez esperasse ouvir de sua mãe – “filho, como podemos ajudar em tua Missão?” A resposta dura demonstrou que ele ficou desapontado com sua mãe. Quando adulto, demonstrou a mesma dureza ao afirmar “- Quem é minha mãe?” “Quem é meu irmão?” “É aquele que faz a vontade de meu pai” – completou. Na idade adulta sua solidão e dificuldade foram ampliadas pelo preconceito sócio-econômico e cultural. O mestre era filho de uma família muito humilde e sem prestígio social. Era filho adotivo de um carpinteiro com o qual trabalhava. Nasceu em Belém, mas foi criado em Nazaré, uma cidade miserável àquela época, a ponto de um religioso perguntar -“Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Também não era culto como Paulo, não era escriba. Eis uma das dificuldades para alcançar a elite religiosa, tivera a primeira experiência aos doze anos, quando sentiu a dureza e o materialismo de seus corações. Outro fator gerador de isolamento social e interno (não de Deus) era o fato de sua pregação ser frontalmente oposta aos valores da época. Como hoje, valorizava-se o prestígio social, a obtenção de bens materiais. Jesus pregava correção, conversão, justiça, santidade, salvação da alma, humildade, simplicidade... ou seja, sua pregação era oposta à da elite religiosa. Não foi por caso que seus principais inimigos eram os religiosos. Até mesmo João Batista, seu precursor e primo o decepcionou. Quando estava na prisão João mandou seus discípulos perguntarem a Jesus –“ és tu aquele que deveria vir, ou devemos esperar outro?”Jesus indignado com a pergunta, pois João há houvera recebido a revelação no Jordão de que Jesus era Cristo, respondeu, “Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?” ‘referindo-se a João”. “Em um de seus momentos de tanta incompreensão e solidão Jesus falou –” “As raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” Desde o nascimento, infância, juventude e idade adulta, Jesus trilhou um caminho de solidão. Portanto, ao contrário do que muitos imaginam, os evangelhos parecem indicar que Jesus foi um homem extremamente solitário(sentimento que parece ter sido plantado na infância e adolescência do Mestre) e incompreendido pelos seus conterrâneos e irmãos de fé. Demonstrava ser um homem sisudo e fortemente focado no propósito de realizar a vontade de Deus, para isto sacrificou sangue, suor e lágrimas

Marcos Antonio Vasco Rodrigues

Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 14/10/09