quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Na Contramão da Palavra

( ARTIGO DE OPINIÃO )

As idéias que sustentam a doutrina da teologia da prosperidade ou confissão positiva são, no mínimo, controvertidas. Ela foi elaborada a partir de estudos feitos por seu fundador, Essek William Kenyon, sobre o poder da mente e do pensamento positivo. Suas conclusões se juntaram às três citações bíblicas usadas pelos seguidores da doutrina –Gênesis 17,7 - Marcos 11.23,24 e Lucas 11.9,10. (Não são poucos os versículos utilizados para quem se autoproclama evangélico?) e uma revelação que o discípulo de Kenyon, Kennet Hagin, jurou ter recebido pessoalmente de Jesus que  lhe apareceu e disse: -“Hagin, escreva de um a quatro a “fórmula da fé”.(Por que Jesus apareceria a Hagin para negar o que já houvera afirmado nos Evangelhos há mais de dois milênios? )Além dos componentes citados há, ainda, duas outras teorias que ajudaram a compor a doutrina da prosperidade:”“a autoridade espiritual” e “as bênçãos e maldições da Lei”. Todavia, o coração da ideologia acaba sendo mesmo “a fórmula da fé” que é a seguinte:
1) “Diga a coisa” (a pessoa determina e acontece) .Está escrito no livro de Jeremias:"...não é do homem o seu caminho,nem do homem que caminha dirigir os seus passos..."Desta forma, a maioria das coisas que planejamos não ocorrem de acordo com nossos desejos e planos. Podemos determinar em dado momento algo que seja bom aos nossos olhos, mas  futuramente poderá nos trazer más conseqüências , uma vez que não somos oniscientes. Sobre isto  a Palavra não deixa dúvidas ao afirmar no livro
 de Provérbios:"...Há caminho que ao homem parece direito,mas o fim dele são caminhos de morte. Assim, é sempre prudente fazer o que Jesus ensinou:  "...não seja o que Eu quero, mas o que Tu queres..." ou ainda o que Ele nos ensinou na oração do Pai-nosso"...Seja feita a  Tua vontade, assim na terra como no Céu..."Infelizmente, os seguidores da confissão positiva foram aconselhados por um de  seus mestres, Hagin, a não usar esta frase de Jesus,pois segundo ele,enfraquece a fé.Hagin desaconselha,ainda,  o uso  palavras ou frases que demonstrem dependência ou submissão a Deus, tais como  eu rogo,eu suplico,eu imploro.Ao   invés delas sugere que se utilizem expressões com verbos no imperativo,tais como,DETERMINO,ORDENO,DECRETO... e tantos outras já  conhecidas. Está escrito “humilhai-vos na presença de Deus e ele vos exaltará”. Fica claro que Deus quer que nós nos humilhemos com um coração contrito e não que " O encostemos na parede". O salmista afirmou: ...os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado não desprezarás, ó Deus...”
2) “Faça a coisa” (de acordo com sua ação você recebe ou deixa de receber)
 É correto e coerente que lutemos, façamos a coisa certa, todavia, as coisas só acontecem no tempo de Deus... Há um período de tempo para que as coisas aconteçam tanto nas Leis do mundo físico, quanto nas do mundo espiritual. O salmista afirmou: “...Esperei com paciência pela ajuda do Senhor...”
3) “Receba a coisa” (basta que por meio da fé estabeleçamos ligação com o Céu e a coisa será dada)
 Conforme Jesus afirmou:"...seja feita a tua vontade e não a minha..." Assim, as coisas acontecem de acordo com a vontade e o tempo de Deus. A fé não é para se “barganhar”, “conquistar” coisas materiais como fazem os seguidores da teologia da prosperidade, mas para a salvação e o agrado de Deus. Também está escrito “...porque sem fé é impossível agradar a Deus...”; “... porque pela graça sois salvos ,por meio da fé;e isso não vem de vós é dom de Deus..."
4) “Conte a coisa” (os outros precisam saber pra também acreditarem).É bom que se conte a bênção,todavia a publicação da bênção teve ter  por propósito  glorificar e honrar a Deus e não ser usada como instrumento de mercantilização para atrair outros "fiéis" e assim subtrair-lhes em forma de promessas de bênçãos materias em nome de Deus ofertas,dízimos,etc.
Observa-se que,mesmo fazendo uma análise superficial à luz de alguns versículos, a teologia da prosperidade, não resiste ao mais simples argumento bíblico, o que mostra a fragilidade de tal doutrina,porque ela realmente caminha na contramão da Palavra.Jesus fez menção a dois caminhos- o estreito e o largo. O estreito conduz à salvação da alma,mas requer renúncia,ao passo que o caminho largo pode ser representado por tudo aquilo que se apõe aos ensinamentos do Mestre,como é o caso da "confissão positiva",que promove uma luta desenfreada pela prosperidade material,usando inclusive,o nome de Jesus e os três versículos já citados para alcançar seus objetivos,dando uma dimensão praticamente material à existência humana. Precisamos,sim,de bênçãos materiais e de saúde,porém isto são conquistas que se limitam à vida terrestre.E quando morrermos? A esse respeito,Jesus foi enfático:"...louco,quando pedirem a tua alma,o que tu tens para quem será?..." Portanto,direcionar a vida somente pelo lado material,é no mínimo,uma tolice.
Na Idade Média,a religião oficial era detentora dos poderes político,econômico e religioso. Pena que alguns grupos religiosos ,surgidos a partir dos anos 1970, tenham retroagido na História e  trazido de volta práticas condenáveis,como a mercantilização da fé..Talvez pensem que Deus está indiferente a tudo o que ocorre no planeta... Claro que não. Ele está absolutamente vivo e no tempo certo,tal como ocorreu ,por exemplo,com o Império Romano(demorou 400 anos pra cair,mas caiu),o Nazismo,o Marxismo-Leninismo e tantas outras  ideologias ou práticas que surgiram para "atrasar" a Providência e que  caminham na contramão da Palavra,também cairão.É só uma questão de tempo...


Marcos Antonio Vasco Rodrigues,é professor de Língua Portuguesa. Cristão. Escreve contos, artigos e crônicas. Texto publicado em 25/02/2010 Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la,distribuí-la,exibi-la,executá-la desde que seja citado o autor original.Não é permitido fazer uso comercial desta obra...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Sinto muito, mas preciso falar

NA LIXEIRA DA HISTÓRIA,FUTURAMENTE...

(ARTIGO DE OPINIÃO)

Essek W. Kenyon e Kennet Hagin, norte-americanos, criador e divulgador, respectivamente, da teologia da prosperidade nas décadas iniciais do XX, contribuíram de forma ostensiva para desvirtuar os propósitos do Evangelho. Todos nós temos enormes dívidas com o Céu,porém a desses cidadãos são imensuráveis, pois indiretamente foram aliados da sociedade de consumo que privilegia "O TER AO INVÉS DO SER",além de contribuírem para retardar a Providência celeste. Seus danos podem ser comparados aos trazidos pelo Materialismo Histórico e Dialético de Marx e Engels, inimigos de Deus e de Cristo,por isso a Teoria Marxista está praticamente "enterrada" no lixo da História. A teologia da prosperidade sustenta que o sucesso econômico é confirmação da bênção de Deus e que a miséria e pobreza material é resultado da maldição e do pecado.
Sob esse ponto de vista, então podemos afirmar que Jesus era humilde e pobre materialmente porque não tinha a bênção de Deus e era pecador?E mais: o que dizer de seus ensinamentos e práticas que eram 360 graus ao contrário da doutrina da teoria da prosperidade? Além dos diversos problemas sociais trazidos por tal teoria, tais como concentração de renda, desigualdade social, há um outro mais grave: o de natureza espiritual, porque seus seguidores são privados de conhecer qual é o principal propósito de suas vidas que é, justamente, direcionar o curto tempo de existência que ainda lhes restam para se prepararem para uma vida sem fim: a vida eterna. Por isso,o escritor do livro de Hebreus afirmou : "...segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor...". Por isso, também, afirmou Jesus: "...buscai em primeiro lugar o Reino dos Céus..."
Olhando e analisando o estilo de vida dos grandes campeões de Deus – Jesus,(o maior de todos) Paulo, Moisés e tantos outros percebe-se, sem muito esforço, que suas vidas foram marcadas pela simplicidade, desapego material, renúncia, preocupação com a vida espiritual, santificação, sacrifício pelo próximo, vidas carregadas de aflições e dificuldades, ou seja, é o oposto daquilo que sustenta a teoria da prosperidade.O capítulo 11 do livro de Hebreus, versículos 36 a 38, caracteriza bem como era o modo de vida desses campeões:"...Homens que experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões, foram apedrejados,serrados,tentados,mortos a fio da espada;andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras,desamparados,aflitos e maltratados (HOMENS DOS QUAIS O MUNDO NÃO ERA DIGNO), errantes pelos desertos e montes, e pelas covas e cavernas da terra..."
Por viverem tal tipo de existência foram dignos de serem chamados apóstolos, profetas, bispos, etc. Assim, a teoria da prosperidade trouxe um outro problema: a desvalorização e a banalização desses títulos. Não há em nenhum aspecto como comparar as pessoas que passam a se autoproclamar “apóstolos”, “bispos”, etc. Com os campeões de Deus. Os “bispos” e “apóstolos” modernos têm apreço pela riqueza material, a hotéis cinco estrelas, a viajar em jatinho particular, a confiarem no braço de seus seguranças, ao invés do braço de Deus. "...uns confiam em carros, e outros,em cavalos,mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus...", escreveu o salmista. Vivem a pregar a transitoriedade da vida, o luxo, a ostentação... utilizam o nome de Jesus e versículos descontextualizados para alcançar seus objetivos.
Pergunta-se: Há algum mal em ser rico? Não,(desde que a riqueza seja conquistada de forma honesta,sem exploração de mão-de-obra,sonegação de impostos,exploração mercantil da fé e outros ilícitos) do mesmo modo que não há nenhum mal em ser pobre materialmente. Os campeões de Deus, especialmente Jesus, não levam em conta a questão da pobreza material, mas sim a pobreza espiritual. Deus não está preocupado com a riqueza material, porque toda riqueza LHE pertence. Por isso, ele prioriza a questão da salvação da alma,ou seja,primeiro o Céu depois a Terra.Além disso,a riqueza não nos dá nenhuma garantia de felicidade. Jesus foi taxativo"...de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma...?"No entanto, É bom que sejamos ricos materialmente,embora Jesus não tenha feito nenhuma citação priorizando a riqueza material. os Evangelhos e Jesus mostram claramente que a riqueza espiritual deve prevalecer sobre a material.Seria bem que se tivesse as duas,sem alterar a ordem:..."em primeiro lugar o Reino do Céu..."

A História tem mostrado que todas as ideologias,religiosas ou não, que têm surgido para obstacular o avanço da Providência,mais cedo ou mais tarde sucumbirão (a menos que se adequem aos padrões de Cristo) e irão parar na lixeira da História..

Marcos Antonio Vasco Rodrigues,é professor de Língua Portuguesa. Cristão. Escreve textos,artigos e crônicas. Texto publicado em 17/02/2010 Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la,distribuí-la,exibi-la,executá-la desde que seja citado o autor original.Não é permitido fazer uso comercial desta obra...