segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sinto muito, mas preciso falar...

Ele largou tudo pra ficar com ela...

Absalão estava sozinho. Passava das dez da noite. O olhar de seu pensamento estava fixo no sorriso, na figura singular de Marinny. Sua mente fervilhava, seus corações - o da alma e o do corpo – estavam inquietos, tensos...
Repentinamente, o telefone toca. Pega apressadamente o telefone, olha o visor. Número desconhecido. Quem seria? Alô? Disse uma voz doce e calma, parecia uma sinfonia de Bethoven. Então perguntou – Quem é? A doce e suave voz desapareceu dos ouvidos, como um relâmpago desaparece do horizonte. Oh! Ela desligou. Por que fez isso? Teria ficado decepcionada por Absalão não ter reconhecido de imediato sua voz? Mais do que nunca, o jovem Absalão estava carente daquela voz, da dona dela. Precisava esvaziar seu coração. Sua alma estava lotada de interrogações, dúvidas, incertezas...
Após alguns minutos, o telefone volta a tocar, quebrando o silêncio do quarto de Absalão, e fazendo seu coração disparar. Era ela de novo. O coração do moço abriu um largo sorriso. – Você já estava dormindo? – perguntou a doce e angelical voz. Não, não... Estava aqui... Pensando. Foram poucos segundos de conversa, mas o suficiente para aliviar a alma de Absalão.
Afinal, o que estava acontecendo ao jovem rapaz? Sempre fora resistente a sentimentos desse tipo, pois afirmava que um coração dependente de outro o deixava fragilizado. Agora parecia estar nocauteado pelo sentimento que floresceu dentro dele por aquela quase desconhecida jovem.
A lembrança, a ausência dela o deixava no tapume. Parecia ter recebido um cruzado de esquerda de Tayson.
A moça que mal conhecia, mas que tirava sua paz, parecia ser de boa índole. Demonstrava ser sincera, fiel, companheira. O coração dela também ansiava por um coração semelhante ao de Absalão. Era muito carente e solitária. Combinava, sim, com Absalão!
Por que não dar uma chance a si mesmo? Pensou.
Há várias estações. Mas o coração do rapaz até aquele momento só conhecera uma – o verão, por isso seu coração era como um vale árido e desolado. Sua alma precisava sentir o gosto das outras estações – a primavera traria as flores e o perfume, o inverno água para irrigar o território seco de sua alma. Aquela jovem, na mente dele, simbolizava inverno e primavera.
Uma frase veio-lhe à mente – “Os barcos estão seguros se permanecem no porto, mas eles não foram feitos para isso”. Esta frase fortaleceu sua decisão.
Lembrou das caravelas de Cabral, das três embarcações de Cristóvão Colombo e decidiu-iria, sim, sair do porto no qual sempre estivera ancorado e como os navegadores, iria enfrentar as bravuras do mar e do desconhecido. Iria à busca de novos horizontes, de um porto seguro. De “terra que emana leite e mel”.
Pensou, ainda, que cada pessoa é só metade dela mesma. Ela precisa achar sua outra “metade” e assim se unirem como flor e ramo, como mente e corpo.
Não que a outra metade possa preencher “o buraco existencial” da outra pessoa. Percebemos que no próton e no elétron, eles se precisam e se completam naturalmente.
Por isso, o irrequieto e necessitado coração de Absalão largou tudo e ficou com ela, só com ela...
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Publicado em: 27/04/2009

Sinto muito, mas preciso falar...

Palavras e Frases na U.T.I.


Algumas palavras criadas para expressar sentimentos nobres perderam gravemente sua essência, seu conteúdo original. Como nós, tais palavras e expressões precisam ser restauradas.Quem duvida que frases como “meu bem”, “meu amor”, “eu te amo”, ”beijos” e tantas outras tenham a mesma força de alguns anos atrás, por exemplo, nos anos 70?Transformaram “meu amor”, “meu bem” e outras expressões eternas em vocativos, nomes próprios... “Meu amor ,você vem hoje?”, “Meu bem, hoje não posso te atender”. O problema não está em se chamar alguém de “meu bem” ou “meu amor”, mas no fingimento e na falta de sinceridade escondidas,às vezes, por trás destas frases e palavras. Como posso chamar de “meu amor”, “meu bem” a pessoas que, às vezes, nem conheço? Eu prefiro ser chamado pelo meu nome, me particulariza, me distingue, é mais sincero. Não me massifica. As palavras “amor”, “eu te amo” são expressões fortes e sérias, mas tiraram a seriedade delas. A palavra “amor” foi criada para expressar o maior sentimento do Universo. Ele está associado à fidelidade, respeito, renúncia, sacrifício. Menos a banalidades.Até mesmo um dicionário da Língua Portuguesa em sua definição sobre “amor” confunde-o com paixão, diz o dicionário: “atração espontânea e intensa por alguém ou por alguma coisa”. Esta definição cabe bem para “paixão” que é como um relâmpago, é centralizada no imediatismo, busca alegria e prazer próprio. Ao passo que o “amor” cresce com a maturidade da pessoa e é alimentado por sentimentos nobres.Além disso, “meu amor”, “meu bem” se utilizadas fora do sentido original podem assumir outros significados.Alguém poderia chamar outro de “meu amor”, “meu bem”, somente para agradá-lo e assim passar, a idéia de uma pessoa dócil e amável, ou ainda, serem usadas de forma irônica. “Meu amor” pode ser “meu inimigo”. No caso ,ironia. Pode-se, ainda, utilizar estas expressões pela força da cultura, do hábito, de forma “mecânica”. Todo mundo chama todo mundo de “meu bem”, “meu amor”, “meu anjo” eu também passo a utilizá-las, naturalmente, uma vez que a gente tem a mania de repetir o que ouve, sem refletir, analisar. O entendimento incorreto sobre os conceitos de “amor”, “paixão” e “gostar” tem trazido muitos problemas. Muitos crimes passionais, inclusive, não aconteceriam. Às vezes, alguém traído, guardou no coração palavras como “eu te amo”, “eu te adoro”... e acreditou nelas. Não analisou se eram palavras fingidas, mecânicas... ou só um momento de emoção, não comparou as palavras de tal pessoa com suas atitudes, comportamentos...na verdade, não sabemos diferenciar sentimentos tão complexos como paixão e amor. E sobre os “beijos”? Bom dia, boa tarde, boa noite foram substituídas, principalmente, nas comunicações eletrônicas por “beijos”. E qual o problema de se mandar “beijos” a torto e a direito para conhecidos e desconhecidos? Aparentemente, nenhum mal. Mas veja que as pessoas criam ou impedem “aberturas” por meio das palavras. Por exemplo, quando chamo alguém de senhor, senhora estou limitando através das palavras o tipo de tratamento que quero dar e receber, isto se refletirá claramente nos meus relacionamentos.“Se alguém encerra a conversa com “beijos” ela abre, naturalmente, mesmo que não seja sua intenção, uma condição para dizer “beijos” aqui, beijos acolá e assim por diante”.Coitadinhas das palavras. Não é somente a natureza que aguarda ansiosamente a adoção do homem como filho de Deus, como disse o apóstolo Paulo, mas as palavras também.

Marcos Antonio Vasco Rodrigues

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Publicado em: 22/04/2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

A EDUCAÇÃO DO CORAÇÃO


Drogas, corrupção, gravidez na adolescência, desintegração familiar, vícios, AIDS são alguns vilões responsáveis pela perda de valores básicos universais. Sentimentos como respeito, entendimento e fraternidade estão, praticamente, perdidos. Por isso, a violência cresce fortemente. Sofremos muito, pagamos um preço altíssimo porque não temos sido capazes de encontrar soluções eficazes e definitivas para as pragas sociais.
A pouca prioridade que se dá à educação tem sido apontada como a principal causa dos grandes problemas sociais. Entretanto, fazendo uma análise, mesmo superficial, vemos que tal argumento não se sustenta. Os noticiários mostram, diariamente, pessoas de alto nível intelectual e sócio-econômico envolvidas em corrupção, homicídios, crimes passionais, pedofilias e tantos outros desvios de conduta.
Esforços têm sido feitos- As igrejas cristãs vêm aumentado grandemente sua “leva” de fiéis, os governos tem investindo um pouco mais em educação, construindo, inclusive, mais salas de aulas. Entretanto em muitas escolas, o palco da violência, é a própria escola, a própria sala de aula. “O que é que há?”
Além do mais, países que colocam a educação como prioridade, também enfrentam problemas semelhantes aos nossos.
A resposta está, sim, na educação. Mas ela não pode priorizar apenas a obtenção de informação, o desenvolvimento intelectual e a aquisição de habilidades técnicas . Não se precisa raciocinar para deduzir que esse tipo de educação tem se mostrado ineficiente.
A educação verdadeira deve priorizar a ética e a moral, a edificação do caráter, o
fortalecimento e aperfeiçoamento da espiritualidade. Em outras palavras, precisamos de uma “educação do coração”, do contrário estaremos perpetuando a sociedade que “aí está”.

Marcos Antonio Vasco Rodrigues - Professor, escreve um texto por semana

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Publicado em: 15/04/2009
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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sinto muito, mas preciso falar.

Os olhares dos olhos

Dizem os Oráculos de Deus que a sede de nossas emoções e sentimentos é a alma, e uma expressão milenar diz que “os olhos são a janela da alma”, ou seja, eles fazem a conexão entre nosso mundo interior e o mundo exterior, trazem à tona o que está guardado nas colinas de nossa alma, além de serem um dos nossos principais sentidos. Por isso, Jesus afirmou que “os olhos são a candeia do corpo...”.

A forma como são manifestos nossos sentimentos, por meio do olhar, revela a “qualidade” de nossas emoções. Em muitos casos, nosso olhar fala mais do que as próprias palavras. O olhar inquiridor e ao mesmo tempo de misericórdia de Jesus para Pedro, golpeou fortemente o coração do discípulo. O olhar bateu na ferida de Pedro – a negação. Isto o fez chorar copiosamente, levando-o a um sincero arrependimento. Um olhar, apenas, contribuiu para reabilitar e arrancar Pedro da cinza e do pó da traição.

Há uma infinidade de olhares que se manifestam de acordo com a ocasião e a circunstância, vejamos os mais comuns: o olhar dissimulado dá calafrios. Ele esconde, não deixa claras suas verdadeiras intenções, é imprevisível. “É mas não parece, parece mas não é”. Poderíamos qualificá-lo de traiçoeiro. “É manso como um cordeiro e astuto como a serpente”.

O olhar de sensualidade tira a roupa da pessoa visualizada. Vê suas formas e pelos olhos da imaginação faz desse corpo o que quer. Ele é o autor da “traição do coração”.

Mas parece que os olhares que predominam no nosso século são o de decepção, desilusão, desesperança e medo. Eles estão presentes na maioria dos rostos. Um exemplo típico é o olhar de um morador de rua. Hoje, eu contemplei um olhar assim. O dono desse olhar estava deitado na calçada e seu travesseiro parecia ser um saco de lixo. Seu olhar estava crestado pelo abandono e pela indiferença. Pedia um olhar de misericórdia, mas um olhar assim, requer atitude. Naquele momento, só “o olho da rua” o acolhia. Embora uma multidão de olhares passasse todo dia por ali, bem pertinho dele. Eram olhares que viam, mas não enxergavam. Eram olhares sem coração.

Mas há um tipo de olhar que é o senhor de todos os outros olhares. “Eles estão em todo lugar”. Uma lenda grega “pirateou” esse olhar penetrante e infinito atribuindo-o a um “herói da mitologia” – Linceu – (por isso, olhos de Lince). Segundo a lenda, Linceu enxergava através de paredes e obstáculos, inclusive, seu olhar afiado varava o interior da terra, onde via as riquezas ali escondidas.

Mas o próprio nome já define- é só uma lenda. O Deus, cujos olhos estão em todo lugar, é como nós - tem emoção e sentimento e se relaciona indistintamente com todos. A senha para ter acesso às colinas do coração Dele? Bem, a “senha” é um coração sincero.

Há uma infinidade de outros olhares- de curiosidade, de desprezo, de espanto... Eles parecem ser sem fim. Porém, só os olhares que se assemelharem aos do que “estão em todo lugar” estão destinados à Eternidade.

Prof. Marcos Antonio Vasco Rodrigues –Publica uma vez por semana um texto.

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Publicado em: 02/04/2009
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