quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sinto muito, mas preciso falar.

Os olhares dos olhos

Dizem os Oráculos de Deus que a sede de nossas emoções e sentimentos é a alma, e uma expressão milenar diz que “os olhos são a janela da alma”, ou seja, eles fazem a conexão entre nosso mundo interior e o mundo exterior, trazem à tona o que está guardado nas colinas de nossa alma, além de serem um dos nossos principais sentidos. Por isso, Jesus afirmou que “os olhos são a candeia do corpo...”.

A forma como são manifestos nossos sentimentos, por meio do olhar, revela a “qualidade” de nossas emoções. Em muitos casos, nosso olhar fala mais do que as próprias palavras. O olhar inquiridor e ao mesmo tempo de misericórdia de Jesus para Pedro, golpeou fortemente o coração do discípulo. O olhar bateu na ferida de Pedro – a negação. Isto o fez chorar copiosamente, levando-o a um sincero arrependimento. Um olhar, apenas, contribuiu para reabilitar e arrancar Pedro da cinza e do pó da traição.

Há uma infinidade de olhares que se manifestam de acordo com a ocasião e a circunstância, vejamos os mais comuns: o olhar dissimulado dá calafrios. Ele esconde, não deixa claras suas verdadeiras intenções, é imprevisível. “É mas não parece, parece mas não é”. Poderíamos qualificá-lo de traiçoeiro. “É manso como um cordeiro e astuto como a serpente”.

O olhar de sensualidade tira a roupa da pessoa visualizada. Vê suas formas e pelos olhos da imaginação faz desse corpo o que quer. Ele é o autor da “traição do coração”.

Mas parece que os olhares que predominam no nosso século são o de decepção, desilusão, desesperança e medo. Eles estão presentes na maioria dos rostos. Um exemplo típico é o olhar de um morador de rua. Hoje, eu contemplei um olhar assim. O dono desse olhar estava deitado na calçada e seu travesseiro parecia ser um saco de lixo. Seu olhar estava crestado pelo abandono e pela indiferença. Pedia um olhar de misericórdia, mas um olhar assim, requer atitude. Naquele momento, só “o olho da rua” o acolhia. Embora uma multidão de olhares passasse todo dia por ali, bem pertinho dele. Eram olhares que viam, mas não enxergavam. Eram olhares sem coração.

Mas há um tipo de olhar que é o senhor de todos os outros olhares. “Eles estão em todo lugar”. Uma lenda grega “pirateou” esse olhar penetrante e infinito atribuindo-o a um “herói da mitologia” – Linceu – (por isso, olhos de Lince). Segundo a lenda, Linceu enxergava através de paredes e obstáculos, inclusive, seu olhar afiado varava o interior da terra, onde via as riquezas ali escondidas.

Mas o próprio nome já define- é só uma lenda. O Deus, cujos olhos estão em todo lugar, é como nós - tem emoção e sentimento e se relaciona indistintamente com todos. A senha para ter acesso às colinas do coração Dele? Bem, a “senha” é um coração sincero.

Há uma infinidade de outros olhares- de curiosidade, de desprezo, de espanto... Eles parecem ser sem fim. Porém, só os olhares que se assemelharem aos do que “estão em todo lugar” estão destinados à Eternidade.

Prof. Marcos Antonio Vasco Rodrigues –Publica uma vez por semana um texto.

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Publicado em: 02/04/2009
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Um comentário:

Guerrilheiro das Palavras disse...

Cercados de milhares de olhos eu me perco, me confundo e por mais que tente olhar as verdadeiras intenções de alguém capto apenas a superfície de um lago inacessível.