terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

Seria a voz do povo a voz de Deus?


Uma das maiores potências de perversidade que a História já conheceu, ascendeu ao poder na Alemanha nazista com amplo apoio popular. Hitler se aproveitou com eficácia das angústias e dificuldades por que passava a nação alemã para tomar posse do coração do povo. Ele era um excelente orador, seus discursos eram inflamados e apaixonados .Utilizava a publicidade e a propaganda para “abrir os portões do coração do povo”. Dizia que o meio mais eficaz de emocionar o coração da alma popular eram os discursos nos comícios. Com estas estratégias o Adolf foi mais além: conquistou também o intelecto da elite pensante alemã. Com o apoio do povo e da elite, Hitler estava preparado para levar o caos e destruição ao planeta. 50 milhões de mortes somente na Segunda Guerra Mundial. O ditador manchou o planeta azul com sangue, dor e vergonha. Poderíamos, neste caso, dizer que a voz do povo é a voz de Deus? Estava Deus a favor de semelhante genocídio?
O maior crime da História, que faz “meu coração doer como um golpe de navalha” teve decisiva participação do povo. Certamente, a maioria das pessoas que gritavam “crucifica!” “crucifica!” nem sabiam por que bradavam aquela frase tão dolorosa. Seus corações e emoções estavam envenenados por discursos e oratórias de pessoas("líderes") e grupos que se sentiam prejudicados pelos dircursos de Jesus. A frase pronunciada pelo mestre “perdoa, Pai, eles não sabem o que fazem” é perfeitamente compreensível. Eles não sabiam mesmo. As palavras dos opositores de Cristo alcançavam o coração do povo como flecha envenenada e os “torpedos” que lhes saíam da boca eram apelos homicidas como o coração de Hitler: "Crucifica! Crucifica...".Pilatos, governador letrado, tentava interferir a favor de Jesus. “Não vejo crime nenhum neste homem”, mas palavras homicidas mais fortes continuavam saindo dos lábios do povo – “Crucifica! Crucifica! "Que quereis que eu faça,que eu Liberte Jesus e prenda Barrabás?" porém o povo gritava(insuflado por líderes que se misturavam a eles): Solte Barrabás e crucifica Jesus. Que escolha trágica...Coincidentemente ou não a quantidade de habitantes que possuía Israel à época da crucificação de Jesus era de aproximadamente 6 milhões,a mesma que quantidade de judeus que pereceram no Holocausto comandado por Hitler.
Assim, o Mestre, como a população Alemã e por conseguinte a população mundial foram vítimas de decisões onde o próprio povo teve a participação direta. Seria o caso de se perguntar: _ A voz do povo é realmente a voz de Deus? Será que a maioria sempre erra?

Marcos Antonio Vasco Rodrigues.

Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 01/12/2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O coração solitário de Jesus


José, pai adotivo de Jesus, quase perdeu a respiração e ficou com o coração partido quando sua imaculada e amada futura esposa lhe apareceu grávida. Meu Deus, como ela pôde fazer isto? “Como teve coragem de me trair, não dizia que me amava”?”Quem será o amante dela?” Estas e outras perguntas, com certeza, perturbaram-lhe a mente. Seu coração se acalmou quando recebeu, por meio de sonhos, a revelação de que o filho que Maria esperava era obra do “Espírito Santo”. Mesmo aceitando a revelação, provavelmente o coração do jovem José, a partir daquela descoberta não seria mais o mesmo. É normal que tenha desejado muitas vezes ser o pai biológico de Jesus. Tais sentimentos devem ter provocado indiferença e frieza no relacionamento entre ele e Jesus. É bem provável que Jesus não tenha recebido o mesmo carinho e atenção que seus outros meio-irmãos,filhos de José com Maria,recebiam.Isto talvez o deixasse triste, solitário e “magoado”. Um fato ocorrido durante a festa da Páscoa merece destaque. Não é possível deduzir se tal atitude foi motivada pela suposta frieza e indiferença de José ou se pela provável falta de compreensão e apoio de sus pais ao seu Ministério. Após a festa, Jesus “sumiu” por três dias sem avisar aos pais. Ele tinha doze anos. Segundo a Bíblia, quando foi encontrado, estava na sinagoga entre os doutores da lei, interrogando-os.Por que não avisou a seus pais ?Tivera algum desencanto com eles no dia da festa? Estava chateado com eles? Não compreendiam sua missão? Não lhe deram a atenção devida? Ao ser encontrado por sua mãe,ela lhe disse:-“Eis que teu pai e eu te procurávamos ansiosos”. O garoto Jesus respondeu – “Não sabeis que estou cuidado das coisas de meu Pai?” Nesta afirmação Jesus parece querer indicar que seus pais sabiam de sua missão, mas demonstraram maior preocupação com a sua ausência do que com sua Missão. Talvez esperasse ouvir de sua mãe – “filho, como podemos ajudar em tua Missão?” A resposta dura demonstrou que ele ficou desapontado com sua mãe. Quando adulto, demonstrou a mesma dureza ao afirmar “- Quem é minha mãe?” “Quem é meu irmão?” “É aquele que faz a vontade de meu pai” – completou. Na idade adulta sua solidão e dificuldade foram ampliadas pelo preconceito sócio-econômico e cultural. O mestre era filho de uma família muito humilde e sem prestígio social. Era filho adotivo de um carpinteiro com o qual trabalhava. Nasceu em Belém, mas foi criado em Nazaré, uma cidade miserável àquela época, a ponto de um religioso perguntar -“Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Também não era culto como Paulo, não era escriba. Eis uma das dificuldades para alcançar a elite religiosa, tivera a primeira experiência aos doze anos, quando sentiu a dureza e o materialismo de seus corações. Outro fator gerador de isolamento social e interno (não de Deus) era o fato de sua pregação ser frontalmente oposta aos valores da época. Como hoje, valorizava-se o prestígio social, a obtenção de bens materiais. Jesus pregava correção, conversão, justiça, santidade, salvação da alma, humildade, simplicidade... ou seja, sua pregação era oposta à da elite religiosa. Não foi por caso que seus principais inimigos eram os religiosos. Até mesmo João Batista, seu precursor e primo o decepcionou. Quando estava na prisão João mandou seus discípulos perguntarem a Jesus –“ és tu aquele que deveria vir, ou devemos esperar outro?”Jesus indignado com a pergunta, pois João há houvera recebido a revelação no Jordão de que Jesus era Cristo, respondeu, “Que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?” ‘referindo-se a João”. “Em um de seus momentos de tanta incompreensão e solidão Jesus falou –” “As raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas o filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” Desde o nascimento, infância, juventude e idade adulta, Jesus trilhou um caminho de solidão. Portanto, ao contrário do que muitos imaginam, os evangelhos parecem indicar que Jesus foi um homem extremamente solitário(sentimento que parece ter sido plantado na infância e adolescência do Mestre) e incompreendido pelos seus conterrâneos e irmãos de fé. Demonstrava ser um homem sisudo e fortemente focado no propósito de realizar a vontade de Deus, para isto sacrificou sangue, suor e lágrimas

Marcos Antonio Vasco Rodrigues

Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 14/10/09

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

EM BUSCA DO PAI

Saiu de casa atrasado. Precisou correr como um cavalo puro-sangue para vencer os três quilômetros de estrada que separavam sua casa da rodagem por onde passaria o único transporte de Monte Santo. Logo que chegou à estrada carroçal ouviu a buzina langorosa do caminhão Chevrolet 1966 anunciando a chegada. O velho caminhão “pau-de-arara”, apontou a “fuça” na curva do “S” se aprumando desajeitadamente para tornar a pegar o retão final da estrada esburacada de Monte Santo. Ao avistar os faróis redondos do caminhão, Jorge ajeitou a surrada mochila sobre os ombros. Na sacola levava alguns pertences de uso individual, pretendia passar alguns dias em Caninindé ,se tudo desse certo. O caminhão parou no acostamento próximo à árvore centenária onde Jorge o aguardava. O Chevrolet 66 freou preguiçosamente, sendo coberto por uma nuvem de poeira e exalando um cheiro forte de gasolina queimada. Na boleia, como sempre, vinham as pessoas idosas e mulheres com crianças no colo. Estava cheinha. Seu Cordeiro, um senhor de mais ou menos sessenta e cinco anos, mal podia passar a marcha do simpático caminhão, mas já se acostumara a todo àquele aperto e dificuldades. Há quarenta anos realizava o mesmo trajeto. Fazia três horários por dia. Jorge pôs o pé esquerdo sobre o pneu traseiro e com as duas mãos apoiou-se na grade e pulou pra dentro da carroceria do caminhão, que já vinha lotada. Ali ia de tudo – sacos de mamona, algodão, milho, galinhas, porcos... Embaixo de um dos bancos ,vinha um papagaio preso em uma gaiola. Tinha olhar triste e cabisbaixo. – melancólica viagem a sua, parecia saber que iria também ser vendido na feira com as outras mercadorias. As galinhas de vez em quando se espantavam, por causa dos solavancos do caminhão “pau-de-arara”. Acocha daqui, acocha dali, Jorge conseguiu,com muito esforço, um lugar espremido para sentar-se. Baixou a cabeça e colocou a sacola sobre as pernas. Seu pensamento começou a viajar meio mundo. As lembranças de sempre vieram incomodá-lo. Fora criado desde criança com seus avôs maternos. Convivera pouco com sua mãe e seu maior sonho era saber de quem era filho, quem era seu pai. A imagem desconhecida do pai estava gravada na parede de seu coração. Será que ele sabe que existo? Ainda é vivo? Quantos anos terá? O que faz? Após vinte anos sendo inquietado por estas e outras perguntas, finalmente teria uma oportunidade de encontrá-lo. O Chevrolet 1966, parou em frente ao imponente Jequitibá, na pracinha da matriz de Canindé, que àquela hora da manhã estava deserta. Eram oito horas. Sentou-se em um dos bancos da praça. Estava triste e alegre ao mesmo tempo. Levantou a vista e viu um homem aparentando cinquenta anos, bigode à moda Floriano Peixoto, chapéu de massa virado pro lado direito do rosto, expressão sisuda e olhar perdido. Ele vinha da feira caminhando em sua direção, montado em um cavalo amarelo, calçando botas sete léguas. Parecia mesmo um vaqueiro, ou um fazendeiro, pelo modo como se vestia. O homem desceu do cavalo e colocou a mão direita sobre o ombro de Jorge e falou, sem rodeios: - Sinto muito, Jorge, não sou seu pai, aqui está o resultado do exame de paternidade. Bem que eu gostaria, você é um bom moço. Jorge ficou calado. Não tinha palavras para falar. Uma dor infinda transpassou-lhe a alma. Aquelas palavras doeram como espinho na carne. Após alguns segundos respirou fundo e respondeu:
- Tudo bem, seu Bartolomeu, agradeço ao senhor pela boa vontade que demonstrou em fazer o exame de paternidade. Vou continuar minha busca, quero saber quem é meu pai.
Jorge investira parte do seu tempo investigando a juventude de sua mãe. Descobriu que ela era apaixonada por paixões. Soube que na época em que ficara grávida tivera duas paixões: Bartolomeu e Raimundo. Duas paixões num só ano. Bartolomeu continuava na cidade, e Raimundo, outro amante de sua mãe, por onde andava? Ainda estava vivo? Iria investigar, quem sabe fosse seu pai? Reconstruiria suas emoções, suas forças, suas esperanças. Continuaria sua caçada. Levantou-se do banquinho da pracinha da matriz, despediu-se de Bartolomeu, colocou sua mochila nos ombros e saiu caminhando em direção à parada por onde o Chevrolet “pau-de-arara” 1966, passaria e o levaria de volta a Monte Santo. Uma lágrima quente rolou do rosto de sua alma. Naquele momento sentiu-se pior que Ismael abandonado no deserto, expulso por Sara, mulher de Abraão. “Ainda que teu pai e tua mãe te desamparem, eu não te desampararei” lembrou em meio à lotação do “pau-de-arara”. Sangue novo correu-lhe nas veias da alma, sentiu-se renovado para continuar sua busca...
Marcos Antonio Vasco Rodrigues
Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 30/09/09

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

QUANTO AMOR... E... DOR...

O barulho ensurdecedor da chegada do trem das sete rasgou o véu do silêncio da pacata cidade de Miraíma no agreste nordestino. À medida que o trem se aproximava, o coração da alma de João parecia querer pular fora. No vagão viria sua inesquecível amada. Passar seis meses ausentes dela era muito doloroso. Ficava faltando-lhe um pedaço.
Quando o vagão parou, João já estava em pé na plataforma onde o trem faria o desembarque de passageiros. As pessoas desciam apressadas das várias saídas do vagão. Os olhos de João estavam atentos a todas as saídas, afinal ele não sabia por qual porta de desembarque ela desceria. Seus olhos não encontraram sua amada.
- Meu Deus, o que houve? Ela não veio. O que teria acontecido? Imediatamente pegou o celular e ligou pra ela. Mas só ouvia a gravação cansativa que dizia “este telefone no momento não está recebendo ligações”, tentou várias vezes. A mesma resposta. Um misto de desencanto e frustração deixou-o extremamente abatido. Vários pensamentos conflituosos vieram-lhe à mente da alma – teria desistido dele? -- Não, não posso crer, pensou. Estaria doente? Por que não ligou avisando que não viria no trem das sete? A paixão de João encontrou justificativas para todos os possíveis deslizes da amada. E decidiu – iria esperar pelo trem das nove. Respirou fundo e sentou-se solitariamente no banco tosco da estação. Levantou a cabeça para o alto e viu várias estrelas piscando silenciosamente no céu, o brilho delas não lhe trazia alegria como outrora. João procurava distrair-se observando os poucos transeuntes apressados que se dirigiam aos guichês em busca de informações.
Até passou uma moça interessante fisicamente, mas aos olhos de João, nenhuma beleza se comparava ao encanto e singeleza de sua amada. Os seis meses de ausência de Eva não foram suficientes para atenuar seu amor, ou paixão? O certo é que a figura alta e esguia de Eva não lhe saía da lembrança. O “cheiro” dela estava impregnado em suas narinas. Que outra mulher teria o odor tão aprazível como o de Eva? Alguma voz se assemelharia à doçura da sua? Não. Para ele, não... sua amada era toda formosa, nela não havia mancha. Ela seria mais ou menos como a noiva descrita no livro “Cantares de Salomão”.
Enquanto viajava na lembrança de Eva, as badaladas do sino da velha estação de Miraíma trouxeram-no de volta à realidade. Olhou o relógio, eram nove horas. O vagão já se aproximava, rasgando agora de maneira mais intensa, o silêncio da noite. Ela vem neste, não é possível, meus Deus. Alegria e incerteza administravam suas emoções naquele momento. Olhou avidamente tentando encontrar a figura da amada, porém não a viu. A última pessoa a desembarcar do trem foi um velhinho curvado pelo peso do tempo, segurando uma bengala e caminhando com dificuldades. Meu Deus, ela não veio. E este é o último trem. Ficou confuso, precisava se organizar emocionalmente. Sentou-se ali mesmo, na plataforma de desembarque. Tinha que administrar sua dor, decidir o que faria, precisava continuar “tocando a vida em frente”. Passou a noite em claro, ali mesmo. Logo às cinco da manhã pegou o primeiro trem e foi à procura de sua amada. Ela havia ido a Recife fazer companhia a uma tia acometida de uma doença terminal. Quando Eva se dirigia à estação para pegar o trem que chegaria às sete, na cidade de Miraima, foi colhida por um veículo, que a jogou distante. O amor de João se despediu da vida ali mesmo, sem se despedir de João. Quando o moço chegou à casa da tia de Eva deparou-se com a amada em um caixão... Já era o velório dela. Ninguém tivera coragem de avisá-lo. Inclinado sobre o caixão da amada, secou todas as lágrimas. A dor era indescritível. `uma frase guardada no baú do coração trouxe-lhe ânimo ´ - “não se turbe o vosso coração...” – “ os meus caminhos não são os vossos caminhos”. Era Jovem. Tinha vinte e cinco anos. Iria tentar viver de novo. Deus o sustentaria.






Marcos Antonio Vasco Rodrigues

Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 26/08/09

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A INCOMPREENSÍVEL ESCOLA DO DESERTO

Haveria algo agradável no deserto? A própria origem da palavra é dolorosa, vem do latim “desertus” que significa “abandonar”. É um ambiente absolutamente perigoso. A população de animais é formada por ratos-cangurus, serpentes, escorpiões e uma enorme diversidade de seres vivos que se escondem sob a areia desértica para se protegerem do calor excessivo.Tempestades violentas são frequentes, a vegetação é irregular e insuficiente para oferecer qualquer espécie de abrigo. A própria vegetação já se adaptou à salinidade e à seca do deserto. Falta água, alimento, tudo.
Toda essa paisagem do deserto produz em quem está ali sentimentos indescritíveis de solidão extrema, medo, incerteza, perigo, ansiedade, melancolia... que Pai amoroso teria coragem de enviar seus filhos para treinamento numa escola com estas características? Claro que todos responderiam, - ninguém, não é mesmo? Pois saiba que a principal escola que Deus tem utilizado para treinar seus amados filhos campeões – tem sido a do deserto. Não que Ele quisesse entregar seus amados às feras deliberadamente. De forma indireta,seus filhos recebiam ajuda e apoio. Parece que Deus queria treinar, capacitar, fortalecer emocional e espiritualmente seus guerreiros para enfrentar outros desertos piores. “ Ele falou por meio do profeta Jeremias” ... Os meus caminhos não são os vossos caminhos, nem meus pensamentos são os vossos pensamentos “...
Cito ,por exemplo, o Êxodo comandado pelo campeão Moisés. É absolutamente incompreensível à razão humana, que o Senhor tenha tirado o povo da escravidão no Egito, para levá-lo ao deserto. No Egito o povo era humilhado, cativo, se submetia a trabalhos forçados. Contudo ,tinha pão e água em horários específicos, os riscos que corriam eram bem menores em comparação aos que corria no deserto. Mesmo assim, Deus falando por meio do profeta Ezequiel, disse: “Tirei-os da terra do Egito e os levei ao deserto” pelo contexto bíblico Deus dá a entender que o deserto seria melhor que o Egito.
Analisando o comportamento do mais proeminente campeão de Deus,Jesus, quando esteve no deserto,percebe-se que Ele parece ter se comportado como um cerdo selvagem. “ Quando um cerdo leva um tiro, ele lambe a ferida e procura safar-se, escapar, ir embora. O “pensamento” que lhe vem à mente é a ferida que está fazendo com que ele ande mais devagar”. Ele não pensa na morte... Jesus levou vários “ tiros” no deserto, porém se comportou como um cerdo.
Está escrito: “ E logo o espírito o impeliu para o deserto, onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por satanás. Estava com as feras". Percebe-se que Jesus corria o risco iminente de morrer a qualquer momento ( tentação do diabo, feras, o ambiente letal do deserto...) Mas como um cerdo selvagem, ele não se preocupou com a morte, mas “ em lamber as feridas"e continuar sua caminhada. E conseguiu. Venceu as tentações, as feras, o medo, a fome, a sede, os conflitos. Após quarenta dias de treinamento mortal e rigoroso, saiu da escola do deserto, mais preparado emocional e espiritualmente para enfrentar um outro deserto pior que o aquele que acabara de derrotar - o deserto da incompreensão e da ignorância humana.

Ps: Escrevendo este texto e meditando sobre as dores “ incontidas – contidas” dos campeões de Deus, especialmente de Jesus, meu coração não conseguiu refrear varias lágrimas quentes que abriram caminho no meu rosto. Este texto foi escrito com lágrimas. ´



Marcos Antonio Vasco Rodrigues

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sábado, 15 de agosto de 2009

Saudade não tem fim

São necessários vários relicários para guardar tanta saudade. Desde a nossa mais tenra idade ela se apropria de um dos compartimentos de nossa alma e fixa, ali, sua morada definitiva. Com freqüência, ela desperta e traz de volta momentos magicamente belos e doces, faz nosso peito ficar quente e nosso coração pensativo. Precisamos, de vez em quando, refreá-la com a nossa razão, a fim de que ela não se transforme em tristeza e melancolia. Neste caso, ela já passaria a ser algo nocivo. Segundo a História oficial, muitos negros na época do Brasil - Colonial, trazidos como escravos morriam de saudade, tristeza e melancolia.
Lembro com ternura e saudade da figura angelical da minha primeira namorada. Na época eu tinha dezesseis e estava no auge do sonho e da fantasia. Sinto saudade do silêncio e da inocência dela. Falávamos pouco. Só a companhia e a troca de olhares já eram suficientes. Havia uma empatia produzida pelo ambiente bucólico e pela fantasia do sentimento. Pelas janelas da alma dela eu sentia que sua paixão por mim era maior que a profundidade do oceano. Ficávamos sentados no batente de entrada do velho casarão da casa dela. Eu chegava lá às cinco e meia da tarde e ao nosso dispor um vasto horizonte e o cair da tarde. Minha sensibilidade de adolescente apaixonado conseguia perceber a tristeza do horizonte. Por que ele sempre ficava triste ao entardecer? Estaria prevendo o fim do nosso romance? Parece que sim. Justamente neste clima de encanto e mistério que envolvia nosso sonho, ela teve que ir embora para outra cidadezinha, deixando um rastro de desolação e eterna saudade. E o pior: se despediu de mim por carta. O que teria acontecido? Se a saudade não envelhece, não morre, ao contrário do que se afirma, de onde ela vem? Seria de Deus?
No livro de Genêsis esta escrito “ então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração” também está escrito no segundo livro de Samuel “ estendendo pois o anjo a sua mão sobre Jerusalém para a destruir o Senhor se arrependeu daquele mal”
Ora , se Deus manifesta sentimentos de arrependimento, pesar e tristeza, por que não manifestaria, também, sentimentos de saudades? Mas por que Ele a sentiria e por quem?
Todos nós temos histórias sem fim de saudade para serem contadas. Confesso que gostaria de saber as histórias das saudades de Deus. Parece que com Deus também ocorre o mesmo que acontece conosco - Tristeza tem fim, saudade não...


Marcos Antonio Vasco Rodrigues

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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

A suposta origem dos maus sentimentos...

Dissimulação, inveja, sedução, falsidade, materialismo, ciúme, ódio são alguns dos sentimentos danosos que têm, desde sua origem até hoje, provocado a infelicidade e a tragédia da sociedade humana. Na verdade, todos eles estão presentes em maior ou menor intensidade em todo coração. Nenhum tipo de conhecimento, a não ser o teológico, oferece “pistas” para se saber a origem de tais sentimentos do coração.Se analisarmos a História humana desde as sociedades mais primitivas, veremos, claramente, que eles têm prevalecido no coração, nas atitudes e no comportamento das pessoas. Somos superiores aos animais em intelecto e criatividade, porém no quesito expressão de sentimentos somos inferiores à maioria deles, (por exemplo, o cachorro não guarda mágoa). (O avanço tecnológico não contribuiu para produzir relações saudáveis, fraternas, duradouras e felizes.) Analisando o capítulo terceiro do Gênesis observamos que o ser humano (está na sua gênese) vem reproduzindo as mesmas atitudes e sentimentos expressos pelos personagens do Jardim do Éden: A serpente, Adão e Eva. Deus houvera dado uma ordem ao casal: “Não comereis do fruto da árvore que está no meio do jardim, “para que não morrais”. A serpente que morava também no Jardim (devia ser uma entidade espiritual, pois cobra não fala) disse: - “Não morrerá, Deus é que não quer que você compartilhe do conhecimento do bem e do mal com Ele. Se comeres do fruto, vosso olhos se abrirão”. Neste diálogo, a serpente argumentou e seduziu Eva. Eis a primeira história de sedução, pelo menos na Bíblia, de que se tem notícia. Eva, embora conhecedora do Mandamento, não soube contra-argumentar e deixou-se levar pela lábia da serpente. Resultado: - Comeu o fruto e o levou a Adão. Eis aqui a origem de sentimentos como fofoca e boatos. Eva levou os argumentos e a lábia da serpente a Adão e o fez cair também. Adão sentiu-se fragilizado e não teve força para contra-argumentar. Nas relações pessoais e sociais não é também assim? As conversas más têm mais força que as conversas boas, pelo menos na aparência o mal sempre prevalece sobre o bem, embora provisoriamente.A traição também surgiu aí. Deus houvera dado a Eva, o jovem Adão como esposo. Eva traiu a Adão porque não procurou apoio emocional e afetivo nele. Procurou uma terceira pessoa que a seduziu. Assim, Eva traiu a Deus e a Adão. Após o evento da sedução outros sentimentos se manifestaram. Adão e Eva começaram a ter vergonha de seus corpos. Antes andavam nus e não tinham vergonha da nudez e nem de Deus. Qual foi a atitude deles? Penso que devem ter colocado as mãos sobre suas partes íntimas para escondê-las de Deus. Não é assim que fazemos quando alguém nos flagra nus? Deus perguntou a Adão quem lhe mostrou que ele estava nu e se havia comido do fruto proibido: - “A mulher que me deste por companheira me deu o fruto e comi”. Aqui identificamos a origem da transferência de culpa. Adão não assumiu seu erro. Culpou Eva e Eva, por sua vez, pôs a culpa na serpente. Não é assim que fazemos? Sempre procuramos pessoas e situações para culpar-lhes por nossas falhas? Marido culpa esposa, esposa culpa marido, pais culpam os filhos, filhos culpam os pais, patrões culpam empregados, empregados culpam patrões... Biblicamente, a raiz de todos os sentimentos nocivos teve origem no paraíso e na família de Adão. Tudo indica que a serpente, no relacionamento que teve com Eva, contaminou-a com todos os maus sentimentos que fazem parte da nossa natureza. O primeiro homicídio ocorreu nesta primeira família. Caim sentiu-se enciumado de seu irmão Abel, por ter feito uma melhor oferta a Deus. Teve inveja de Abel. Não é assim que se faz também? Quando se sente ódio ou inveja de alguém não se procura desonrá-la, feri-la com palavras e às vezes até matá-la como fez Caim com seu irmão Abel?Se os maus sentimentos apresentam uma origem espiritual, somente Deus poderá nos oferecer as ferramentas apropriadas para gerenciá-los.

Marcos Antonio Vasco Rodrigues

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sábado, 1 de agosto de 2009

CHEIRO DE SANGUE FRESCO, TEMPORAL E AGONIA

O Sol acabara de pintar o horizonte de vermelho. O céu vestia-se de um azul calmo e sereno. Havia um clima de solidão e silêncio sepulcral. As ruas eram limpas e desabitadas, as casas pequenas e bem cuidadas, assemelhavam-se as de um conjunto residencial recém-construido, contudo a cidade era cercada por grandes muralhas. Não se ouvia nenhum ruído, nenhum movimento nas ruas, havia ausência até mesmo de vento soprando. As plantas dormiam comodamente dentro dos jarrinhos pendurados nas paredes de algumas casas. Seria uma cidade fantasma? Não era, porque daquele lugar emanava uma paz celestial. Marcos contemplava do topo da montanha todo aquele ambiente e conseguia captar pelo coração da alma pessoas suspirando e corações pulsando.Jamais houvera posto os olhos e o sentimento num ambiente semelhante. Que mundo era aquele? Seria a nova Jerusalém? Vieram-lhe à mente várias interrogações. Por que construir tão singela cidade protegidas por gigantes muralhas num vale circundado por gigantes montanhas? Por que os habitantes dessa cidade se recolhiam tão cedo, logo na hora do pôr-do-sol? Por que não se recolhiam após a contemplação do ocaso? E ele, o que fazia ali? Quem o levara àquele lugar estranho? Como chegara? Enquanto seu coração o inquietava com uma infinidade de perguntas sem respostas, um cheiro de sangue fresco invadiu suas narinas. Sentiu medo...e náuseas. Olhou para todos os lados. Seus olhos não conseguiram localizar nenhum ser vivo, nenhum ruído suspeito, nenhum vestígio. Só ouvia e sentia o zumbido do vento passando a mão fortemente em seus cabelos. Será que o odor de sangue fresco estava vindo da misteriosa cidade? Não, não poderia ser, pensou... então decidiu: iria perscrutar cada palmo da cordilheira e só iria desistir quando conseguisse identificar a causa daquele odor, também misterioso e incompreensível. Enquanto decidia por onde iria começar sua caçada, um relâmpago cruza a montanha de norte a sul, acompanhado de trovões medonhos. Era o prenúncio de um forte temporal. Que estranho. - Pensou, não havia clima para temporal. Como se formou tão repentinamente? Sentiu-se menor que uma minúscula formiga. Proporcionalmente ao tamanho do Universo somos isto mesmo, avaliou . Sentiu na pele da alma, naquela tensa situação, a pequenez e a extrema fragilidade do ser humano. Mas Precisava proteger-se do temporal. Não havia abrigos na montanha. Não havia escolha. Desceria a montanha e pediria abrigo na estranha cidade. E assim o fez. A descida era íngreme e perigosa, mesmo assim apressou os passos, pois ao olhar para trás uma forte enxurrada corria atrás de si. Sabia, sem saber por que sabia: caso fosse tocado pelas águas da enxurrada, que corria na montanha, morreria. Quando chegou ao enorme portão da estranha cidade estava ofegante e exausto.- Por favor, abra – disse apavoradoUm homem fardado com roupa de tecido cáqui, olhou tranquilamente para Marcos e disse-lhe:- Você não pode entrar!Marcos olhou novamente para trás. A enxurrada estava a poucos centímetros dele e gritou:- Amigo, se essa água me tocar eu morrerei. Por isso não posso voltar.- Pois aqui você não tem autorização para entrar. Enfrente a enxurrada e volte de onde você veio.- Mas eu não posso, insistiu Marcos.- Sinto muito, disse o porteiro.Marcos deu um pulo da rede. Estava ofegante, com o peito quente e o coração batendo acelerado. Olhou para o relógio. Eram três da madrugada. Respirou fundo. Era só um sonho... ainda bem...


Marcos Antonio Vasco Rodrigues

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domingo, 19 de julho de 2009

O DIABO É RICO

Tem comida aí pra pobre? Bradou uma voz disposta e altissonante, indiferente ao burburinho dos camelôs que lotavam a praça São Pedro. – Pobre é o diabo, respondeu uma voz tímida e atrevida. -O diabo é rico,dona,pobre somos nós. Retrucou o homem. Eu estava sentado em um banquinho tosco atrás da velha senhora que todos os dias vendia suas marmitas aos transeuntes e camelôsda praça. “Seus clientes eram pessoas extremamente simples e humildes, mas eu gostava da comida” dela, além de o ambiente me provocar fortes reflexões. A praça abrigava árvores centenárias, eu as observava com carinho e amor. Elas ofereciam apoio, sombra e oxigênio àquelas pessoas. Os camelôs, principalmente, usufruíam diariamente de suas benesses. Mas parecia que as árvores eram invisíveis, as pessoas se desviavam delas mecanicamente, nem se quer se davam ao trabalho de olhar para cima para verificar sua importância, imponência e majestade.Olhei para os personagens do diálogo. O homem era já idoso. Tinha mais de setenta. Quantas não morrem antes de nascer? Trazia nos ombros o peso do tempo, mas aparentava alegria, vigor e disposição.Tinha um ar grave. Vestia-se com simplicidade, mas suas roupas estavam limpinhas. Seu chapéu de “massa” cobria seus minguados cabelos brancos, seus óculos caíam-lhe sobre o nariz aquilino. Tive vontade de sentar-me perto dele, sorver um pouco de sua experiência, porém meus minutos eram contados, eu não poderia demorar-me. Afinal, a frase que pronunciara já fora suficiente para conduzir minha reflexão a uma das três grandes tentações sofridas por Jesus.A moça que ousara responder-lhe era de aparência sofrida, parecia usar a imaginação apenas para repetir, irrefletidamente o que ouvia. Seus pés estavam sujos dentro de humildes chinelos. Trazia no rosto as marcas do sofrimento e da desilusão, mesmo assim, achava que o diabo era mais pobre do que ela. Tive pena daquela figura esquálida.Após uma longa reflexão deduzi que o velho homem realmente parecia estar correto. O diabo é milionário. A riqueza do mundo lhe pertence. Duvida? Pois veja palavras saídas da própria boca dele no diálogo que teve com Cristo em um dos montes de Jerusalém. “O diabo levando Jesus a um alto monte, mostrou-lhe, num momento de tempo, todos os reinos do mundo e disse-lhe o diabo: dar-te-ei a Ti todo este poder e a sua glória, porque a mim foi entregue e dou-o a quem quero, portanto, se tu um adorares, tudo será teu”. Jesus respondendo-lhe disse “-vai-te satanás, porque está escrito “adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás.”. Veja que o próprio diabo declarou ser dono de todo poder e glória. É rico. Mas também é infeliz. Quis trocar todo poder, glória e riqueza por um único momento de adoração por parte de Jesus. Mas o Mestre não se deixou subornar.Se Deus criou todas as coisas, por que o próprio Lúcifer declara que a ele foi entregue? Como o diabo conseguiu apoderar-se de todas as riquezas? Teria sido na queda do primeiro casal? Gostaria de voltar a encontrar o velho homem para fazer-lhe estas perguntas. Teria ele resposta? O certo é que ele estava certo – o diabo é rico. Mas descobri outro detalhe – A RIQUEZA NÃO TORNA O DIABO FELIZ.
Marcos Antonio Vasco Rodrigues

Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 19/07/09

Sinto muito, mas preciso falar

Saudade não tem fim


- Tem comida aí pra pobre? Bradou uma voz disposta e altissonante, indiferente ao burburinho dos camelôs que lotavam a praça São Pedro. – Pobre é o diabo, respondeu uma voz tímida e atrevida. Eu estava sentado em um banquinho tosco atrás da velha senhora que todos os dias vendia suas marmitas aos transeuntes e camelôsda praça. “Seus clientes eram pessoas extremamente simples e humildes, mas eu gostava da comida” dela, além de o ambiente me provocar fortes reflexões. A praça abrigava árvores centenárias, eu as observava com carinho e amor. Elas ofereciam apoio, sombra e oxigênio àquelas pessoas. Os camelôs, principalmente, usufruíam diariamente de suas benesses. Mas parecia que as árvores eram invisíveis, as pessoas se desviavam delas mecanicamente, nem se quer se davam ao trabalho de olhar para cima para verificar sua importância, imponência e majestade.Olhei para os personagens do diálogo. O homem era já idoso. Tinha mais de setenta. Quantas não morrem antes de nascer? Trazia nos ombros o peso do tempo, mas aparentava alegria, vigor e disposição.Tinha um ar grave. Vestia-se com simplicidade, mas suas roupas estavam limpinhas. Seu chapéu de “massa” cobria seus minguados cabelos brancos, seus óculos caíam-lhe sobre o nariz aquilino. Tive vontade de sentar-me perto dele, sorver um pouco de sua experiência, porém meus minutos eram contados, eu não poderia demorar-me. Afinal, a frase que pronunciara já fora suficiente para conduzir minha reflexão a uma das três grandes tentações sofridas por Jesus.A moça que ousara responder-lhe era de aparência sofrida, parecia usar a imaginação apenas para repetir, irrefletidamente o que ouvia. Seus pés estavam sujos dentro de humildes chinelos. Trazia no rosto as marcas do sofrimento e da desilusão, mesmo assim, achava que o diabo era mais pobre do que ela. Tive pena daquela figura esquálida.Após uma longa reflexão deduzi que o velho homem realmente parecia estar correto. O diabo é milionário. A riqueza do mundo lhe pertence. Duvida? Pois veja palavras saídas da própria boca dele no diálogo que teve com Cristo em um dos montes de Jerusalém. “O diabo levando Jesus a um alto monte, mostrou-lhe, num momento de tempo, todos os reinos do mundo e disse-lhe o diabo: dar-te-ei a Ti todo este poder e a sua glória, porque a mim foi entregue e dou-o a quem quero, portanto, se tu um adorares, tudo será teu”. Jesus respondendo-lhe disse “-vai-te satanás, porque está escrito “adorarás o Senhor teu Deus, e só a Ele servirás.”. Veja que o próprio diabo declarou ser dono de todo poder e glória. É rico. Mas também é infeliz. Quis trocar todo poder, glória e riqueza por um único momento de adoração por parte de Jesus. Mas o Mestre não se deixou subornar.Se Deus criou todas as coisas, por que o próprio Lúcifer declara que a ele foi entregue? Como o diabo conseguiu apoderar-se de todas as riquezas? Teria sido na queda do primeiro casal? Gostaria de voltar a encontrar o velho homem para fazer-lhe estas perguntas. Teria ele resposta? O certo é que o velho homem estava certo – o diabo é rico. Mas descobri outro detalhe – A RIQUEZA NÃO TORNA O DIABO FELIZ.


Marcos Antonio Vasco Rodrigues. Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 08/07/09

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sinto muito, mas preciso falar...

PONHA ESSA ÚNICA CERTEZA NA SUA VIDA...
“Quem ensinar os homens a morrer, os ensinará a viver”.Montaigne, escritor e ensaísta francês da segunda metade do século XVI,conseguiu enxergar através do coração da inspiração e produziu estas sábias palavras.Na verdade, a maioria das pessoas vivem como se nunca fossem morrer. Fazem planos para tudo. Investem esforços e sacrifícios para realizarem seus sonhos de consumo e bem-estar físico. Investem na melhoria da aparência física, até aí nada mal. A busca pelo bem-estar e pela beleza faz parte da natureza humana. O problema é que esquecem ou evitam investir na vida espiritual. Quando a morte vem buscá-las, encontram-nas completamente despreparadas para uma viagem sem retorno.A preocupação com a morte e com a vida pós-morte devem ser uma das prioridades dos homens. O problema é que a maioria deles evita falar sobre o assunto.Assim, a chegada da morte fica terrivelmente dolorosa para quem vai e para quem fica. O fim da vida física deve ser encarada como uma realidade irreversível. Precisa fazer parte de nossas reflexões diárias, de nossas conversas, isto a tornaria mais aceitável. Infelizmente, a maioria dos homens foge dessas reflexões e fixa seus pensamentos e atitudes na cultura que a sociedade,desprovida de valores, constrói para eles. E assim, acabam colocando o trivial sobre o essencial, sem se darem conta disso.INSISTO.A morte precisa ocupar um lugar na nossa agenda. Precisamos reconstruir nossos valores . Nossa visão sobre ela precisa de um novo enfoque.Cristo tem a resposta para este problema. Vejamos qual o conceito dele sobre vida e morte.Certa vez, sob um sol rigoroso, ele caminhava por uma estrada poeirenta e cheia de pedregulhos, encontrou um homem a quem convidou para segui-LO. Disse: - “Vem e Segue-me”. – “Deixa primeiro eu enterrar meu pai”, respondeu o rapaz. Jesus olhou no rosto do moço, desfigurado pela dor da perda, e de pronto disse – “Deixai aos mortos, enterrar seus mortos”.Podemos deduzir pela resposta de Cristo que, estando separados da comunhão com Deus, as pessoas vivas fisicamente, podem ser consideradas mortas. Em outras palavras é um defunto com vida. Assim, o pai do homem estava morto duas vezes: Física e espiritualmente, segundo o próprio Jesus.Há um outro conteúdo, no mínimo “intrigante” na resposta de Cristo. É estranho que alguém mande uma pessoa abandonar o enterro do próprio pai para segui-LO. Mas vendo pelos olhos do espírito, é plenamente compreensível. Ele queria dizer –“Segue-me e ajuda-me a evitar que outras pessoas cruzem a fronteira da morte morto duas vezes como teu pai. “Está morto mesmo, alguém o enterrará ,não perca tempo”.Portanto ,os homens precisam levar a sério o conteúdo do ensinamento de Jesus sobre a vida e a morte. Precisa incorporar também, a visão simples e prática do Mestre sobre a expiração da vida física. A preocupação central de Jesus durante seu Ministério terreno era com a salvação da alma e com o bem-estar de suas vidas no mundo espiritual. Teria Jesus sido tolo em demonstrar tanta preocupação com este tema ou seriam tolos os homens ,que teimam em não colocar a morte como a única certeza de suas vidas?
Marcos Antonio Vasco Rodrigues
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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

Não tenho fé suficiente para ser ateu...

Na sociedade ocidental a palavra ateu significa simplesmente a descrença em Deus. Confesso que até admiro ateus, não por seu ateísmo, mas por terem fé o suficiente para não acreditarem em Deus. Para se declarar ateu é preciso ter muita fé, e bote fé nisso. Eu teria que abrir mão de uma série de obviedades.Inclusive, negar a lei elementar da ciência: a de causa e efeito e ignorar a existência de Jesus histórico (não falo nem do Jesus bíblico), só para citar duas obviedades. Imagine ter que admitir que algo pode vir a existir sem que alguém o tenha edificado, construído, produzido? Confesso honestamente: Não tenho conteúdo, nem fé suficiente para ser ateu. Vendo um Site especializado em ateísmo, li uma lista de pessoas “famosas” de A a Z que se declararam atéias. Até Albert Einstein, cientista que descobriu a Lei da Relatividade aparece na relação como ateu. Einstein, judeu, é autor da famosa frase: “A ciência sem a religião é paralitica, a religião sem a ciência é cega”. A lista relaciona todas as “celebridades” de todas as áreas do conhecimento humano através da História,declaradamente ateus,segundo o Site.É como se os autores da Página quisessem dizer “ Veja, os maiores gênios são ateus. Só os bobos creem em Deus.” Mas, seria isto verdade? Alguém poderia ser extremamente sábio para assimilar conhecimentos extremamente complexos, mas extremamente tolo e rude para assimilar e compreender eventos extremamente simples. O fato de alguém ser um cientista respeitado e famoso ou um ateu que desenvolve uma linha de argumentação aparentemente coerente, não significa dizer que estejam corretos. Afinal, já foi dito por Shakespeare: "há muito mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia possa imaginar". Além do mais, qual a utilidade prática de ser ateu? Isto me fará mais feliz? Sofrerei menos? Deixarei de ter conflitos existenciais? Deixarei de ser pó e cinza? As coisas como são, serão alteradas por causa do meu ateísmo? Contribui para eu ser menos revoltado, menos amargo? Enfim, meu ateísmo está colaborando para um mundo de paz e fraternidade entre as pessoas? Ou tenho que estar fazendo esforços insanos para negar o óbvio? Lembrei de Charles Darwin. Ele era um crente fervoroso que estava se preparando para ser pastor anglicano. Ele tinha 22 anos quando embarcou no BEAGLE ,um veleiro da marinha inglesa. Essa viagem deixou Darwin famoso para o mundo, mas em dívida com o Céu. No seu livro" A Origem das Espécies” ele afirma: “ O mundo não foi criado por ninguém...” “ todos os grupos, inclusive, plantas e microorganismos conduzem a uma única origem da vida na terra – A ameba original”. Com estas afirmações Darwin excluiu a possibilidade de um Ser Criador. Não foi forte o suficiente para acrescentar :“-Mas por trás de todo o processo evolutivo, há uma Mão divina conduzindo esse desenvolvimento”Talvez, eu até gostasse de ser ateu, no entanto, as obviedades não permitem e minha fé é tão pouquinha para isso...


Marcos Antonio Vasco Rodrigues.
Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 21/06/09

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

PÓ E CINZA, APENAS...
São lugares sombrios, fúnebres. Há, neles, uma atmosfera de sofrida melancolia e doída solidão,mas são também lugares de igualdade onde todos os que vão ali ,independentemente, de sua condição sócio-econômica vão para lamentar e chorar. Poucas pessoas escolhem locais assim para visitar. Nesses lugares a boca insaciável da terra se abre continuamente para tragar com a mais absoluta naturalidade corpos humanos, como um predador faminto devora sua presa. Ela é indiferente aos gritos de oh! meu Deus, e às lágrimas de dor e perda de parentes e amigos que lamentam o fim do ciclo de seus entes queridos.Se o coração da terra falasse, talvez até dissesse: - Aqui é um lugar de democracia, de igualdade. Quem fica lamenta e chora; quem vai, vira pó e cinza.Dediquei um dia de minhas férias para visitar cemitérios de pobres e ricos. Queria sentir na pele, nos olhos e no coração a veracidade da Verdade revelada. “ ...Porque és pó e ao pó te tornarás...” ou “... Não sabeis que és pobre , desgraçado e nu...?Realmente, somos pó em estado sólido, que a qualquer momento pode se dissolver e voltar ao ventre da terra. O profeta Isaías falou sobre isso, dizendo “... toda a carne é erva e toda sua beleza como as flores do campo. Seca-se a erva e caem as flores, soprando nelas o hálito do Senhor, na verdade o povo é erva...”.Por que não fazer visitas periódicas a cemitérios e Uti’s?Eles nos levariam a refletir sobre a tolice do orgulho e da avareza. A futilidade da busca da fama. Nesses ambientes os mais exaltados sentimentos se curvam. O orgulho é humilhado; o poder, o prestigio se tornam impotentes e a exaltação cai de joelhos. Os cemitérios são locaisl em que a força da morte ri dos incautos. Mas isto ocorre apenas com os tolos, aqueles que dão uma dimensão puramente material à sua vida e se esquecem de que são pó e cinza, erva.Os que dão uma amplitude eterna à sua existência, sabem que aquele momento é apenas o cumprimento da Palavra em suas vidas. Para estes, o choro é menos doído, a perda menos traumática.Jesus foi enfático com aqueles que se preocupam apenas com o mundo material: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajunteis tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver vosso tesouro, aí estará também vosso coração. ”Na verdade, a diferença dos cemitérios (públicos) de pobres para os cemitérios onde são enterradas pessoas ricas é apenas externa.Nos cemitérios públicos as pessoas eram, em sua maioria, muito simples. Vi em seus rostos as dificuldades do dia-dia. Era um povo sofrido pela vida de dores que levavam e ,agora no cemitério, pelas dores da perda. As duas dores se fundiam deixando-as curvadas por dentro e por fora. Então lembrei de Jesus “ diz a Bíblia que Ele era um homem experimentado na dor e no sofrimento” “ homem de dores” . lembrei de sua túnica surrada, suas humildes sandálias gastas pelas longas caminhadas. Sua pobreza material. No aspecto externo, eu vi a semelhança entre as pessoas dos cemitérios pobres e a pessoa de Jesus.Mas em todos os cemitérios a cena era a mesma - lágrimas, dor, perda. O destino de todos era um só – O VENTRE DA TERRA, QUE OS TRANSFORMARIAM EM PÓ E CINZA.

Marcos Antonio Vasco Rodrigues.
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segunda-feira, 1 de junho de 2009

Sinto muito, mas preciso falar...

PRÓXIMO AO CORAÇÃO DO CÉU


Meu coração e meus olhos sempre foram atraídos por eles. Desde criança sempre tive um caso de amor com os montes. Nasci numa cidadezinha do interior cercada de pequenas montanhas. Eu não resistia ao fascínio que elas produziam em mim. Meu coração de criança só sossegava quando escalava um deles e ficava observando lá de cima a placidez da minúscula cidade . Às vezes, envolta numa bruma de mistério e encanto. O vento tocava levemente meus cabelos cor de sonho e meu coração infantil ficava perto do coração do céu. Ah! Eu era feliz nesses momentos. Eu tinha vontade de levar o monte para minha casa. Só para mim. Ah! Como eu queria...O certo é que esse ambiente montês e esse clima de transcendência ficaram eternizados no âmago da minha alma.Na cidade, é só agitação, correria... em meio à multidão agitada eu me sinto como um arbusto solitário, e pela mente do pensamento, retorno ao meu tempo de infância. Eu ficava solitário no topo do monte, mas não me sentia solitário.O que há com os montes? Por que Deus os escolheu para serem palcos dos principais eventos da Providência? Estariam eles mais distantes das futilidades, da degradação e da corrupção das partes baixas? Estariam mais próximos do sincero coração do Céu? Certamente. Provavelmente, Deus os tenha escolhido como anfitriões dos maiores eventos de Sua Providência.O pioneiro Moisés recebeu de Deus os Dez Mandamentos no monte Sinai, e viu a sarça ardente ardendo incessantemente. Os Israelitas, vindos da escravidão do Egito, acamparam no sopé desse Monte sagrado por onze meses. O profeta Elias, também, conheceu a generosidade e o acolhimento desse local, quando fugia da rainha má Jezabel, que ameaçava matá-lo.Porém, o Sinai é também um local de dor e amargura para Deus. No coração da montanha os Israelitas construíram o bezerro de ouro, manchando a sacralidade desse ambiente celeste.O Moriá é um outro Monte providencial. Ali, Deus ordenou a Abraão que oferecesse Isaque em sacrifício. Já o Monte Sião passou a ser considerado como a Cidade de Deus, a Cidade do Grande Rei, o Monte Santo. Um local de adoração e louvor onde habita o Senhor. Nesse monte, Davi construiu sua casa. Nesse monte, Davi foi sepultado.Mas, apesar de toda História, todo misticismo, simbologia e transcendência dos locais citados, o monte mais significativo para o Cristianismo é o das Oliveiras. Segundo os Evangelhos, nesse monte, Jesus ascendeu aos Céus.Somente na idade adulta, em que ultrapasso a idade em que Moisés foi chamado por Deus para a missão de libertador, é que vim compreender toda essa atmosfera transcendental, todo o clima de paz e serenidade produzido pelos montes. Eles foram escolhidos por Deus como um local onde a gente pode ficar mais perto do coração dEle. Por isso, toda essa saudade que persiste em ser minha companheira. É que por meio do coração do monte, meu coração ficava mais perto do coração do Céu.

Marcos Antonio Vasco Rodrigues.

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domingo, 24 de maio de 2009

Sinto muito, mas preciso falar...

Quero Ser Primo do Urso ou do Leão, não do macaco...

Quero Ser Primo do Urso ou do Leão, não do macaco...Diz Darwin que dentre os animais, o macaco é o parente mais próximo do homem. É um bichinho alegre, ágil, às vezes, simpático que faz caretas até interessantes, mas não quero ser parente dele. Outras características psicológicas do primata também se assemelham às nossas - é egoísta, superficial, agitado, descuidado e hedonista. Não tenho nenhum preconceito de cor, nunca tive nenhum problema com nenhum macaco... mas já decidi: não quero pertencer à família dos macacos.Há outro animal, até bonitinho, com o qual também não faço questão de ter nenhum parentesco. É a raposa. Na Bíblia, Jesus faz duas referências a ela. Em uma dessas citações o Mestre compara o rei Herodes a uma raposa. Por quê? Analisemos o comportamento da raposa. Ela é extremamente astuta. Mantém vinte esconderijos de comida e guarda na memória a localização de cada um deles. Assalta galinheiros, faz matança além do necessário e vive em grupo.Tem o costume de apoderar-se das tocas feitas por coelhos e texugos. Se analisarmos bem o comportamento e o perfil psicológico do rei Herodes à época, ele se enquadra muito bem com o perfil da raposa. Não. Não tenho nada, também, contra as raposas, mas não quero ser parente e nem ser comparado a elas.No entanto, eu gostaria de ser primo do urso. É um animal estúpido e grosseiro. É antipático, ao contrário do macaco, não anda mostrando os dentes. Gosta de fazer “cara feia” mas é detentor de uma qualidade indispensável a todos aqueles que vivem no reino das dificuldades – A determinação.Caso ele vá subir na árvore e venha a cair e se ferir, ele não desiste – mesmo ferido e machucado, ele continua fazendo as tentativas até conseguir alcançar seu objetivo.Um campeão de Deus, chamado Noé, parece ter incorporado essa característica do urso.A atitude de Noé ultrapassa qualquer limite da compreensão e da razão humana. Por que não construiu a Arca numa parte baixa? Por que não próximo do mar? Do rio? Trabalharia menos e o tempo de 120 anos seria drasticamente reduzido. Por esta razão, Noé foi conduzido a uma situação de incompreensão, solidão e zombaria. Mesmo assim, nunca ficou desencorajado ou perdeu as esperanças. Tinha a determinação de urso e a fidelidade de leão.Por falar em leão, eu gostaria de ser parente muito próximo do rei dos animais. Ele é feroz, ágil e em certo período da vida, apaixona-se para sempre. Nenhum homem, (só Jesus) é tão fiel quanto ele.Após acasalar-se, perde completamente o interesse por outras leoas. É fiel até o fim da vida e sacrifica-se para defender sua querida. Mesmo que sua amada morra, ele não procura outra leoa e fica solitário até a morte. Que ser humano seria capaz de tanta fidelidade e dedicação?Penso que só Jesus. Talvez, por isso, o Mestre da Justiça seja chamado de “O LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ”.
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domingo, 17 de maio de 2009

Sinto muito, mas preciso falar...

IDEIAS TRAVADAS...
Elas estavam guardadas nos vários compartimentos do cérebro e do coração de Absalão. Mas um inverno rigoroso havia encharcado os corredores de sua alma e isto travava o fluir de milhões de idéias e pensamentos que houvera armazenado ao longo do tempo, fruto de suas leituras e observações.Precisava escrever sobre algo. E forçou a liberação das ideias. Como num painel, surgiu uma infinidade de temas. E disse de si para consigo: - Escreverei sobre o drama existencial do patriarca Noé construindo a arca do dilúvio no topo da montanha. As ideias até começaram a soltar-se. - Por que no topo da montanha? Pensamentos estranhos quebraram seu raciocínio e inspiração.Ensaiou escrever sobre o romantismo melancólico e pessimista de Lord Byron ou ainda sobre o simbolismo satanista de Charles Baudelaire... não... não. Não era sobre isto que queria falar. Rabiscou um poema sobre o amor, mas só conseguia construir rimas pobres. Queria que seus versos tivessem rimas ricas ou preciosas. Não conseguiria escrever sobre o amor naquele momento e desistiu da poesia. Mesmo assim continuou insistindo. Já houvera lido sobre as teorias da sexualidade de Freud. Escreveria sobre isso? Não. De repente surgiram outros temas: Ah! Já sei. – falarei sobre o Evangelho de Cristo e o evangelho dos mercadores da fé. Já houvera lido os evangelhos várias vezes, por isso pensava dispor de “fogo” na mente e no coração para confrontar os dois tipos de evangelho... Mas ainda não era o momento para escrever sobre este assunto e,então, desistiu. Faria isto no tempo oportuno. E veio-lhe à mente a voz do pregador Juanribe Palharin. Falaria sobre seu fervor e sinceridade. Sua habilidade para pregar, seu amor ao evangelho. Mas também desistiu... falaria sobre ele depois.Por que não conseguia desenvolver suas idéias? No fundo, ele já sabia – faltava sintonia entre seu coração e seu cérebro.Faltava-lhe,principalmente,inspiração. O que seria esse inverno rigoroso que sempre afetava seu coração? Quem poderia reabrir as fronteiras de sua inspiração?Quem poderia dissipar aquele inverno rigoroso de sua alma? Lembrou do conselho de Paulo “... Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas...” Sua alma inalou a mensagem do apóstolo, então, dobrou os joelhos e orou...Marcos Antonio Vasco RodriguesEsta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.Publicado em: 17/05/2009

terça-feira, 5 de maio de 2009

SINTO MUITO, MAS PRECISO FALAR...

Palavras devastadoras, verdadeiras, necessárias...

-“... Uma geração perversa e adúltera me pede um sinal...”
“... Raça de víboras...”, “... Vós tendes por pai o demônio...”, “... As prostitutas vos precederão no Reino de Deus...”.
As frases acima (há muitas outras semelhantes) estão registradas nos evangelhos e foram proferidas pelo Mestre da Verdade à época de seu Ministério terreno. Pensando bem, são frases chocantes e devastadoras, se levarmos em conta que elas tinham como alvo o povo escolhido de Deus àquela época – os Judeus. As palavras foram dirigidas especialmente aos escribas e fariseus, dois dos mais respeitados e influentes grupos religiosos da época de Cristo.
Os escribas, doutores da lei, eram especialistas em bíblia e cabia-lhes a responsabilidade de interpretar e ensinar as Escrituras ao povo, por esta razão gozavam de grande prestígio e influência na sociedade judaica.
Os fariseus eram um grupo religioso “puritano”, jugalvam-se superiores aos demais e faziam questão de demonstrar santidade exterior. Como os escribas e fariseus, Jesus tivera a mesma educação religiosa que eles, professava a mesma fé e, obviamente, era também judeu.
Nem mesmo o parentesco espiritual e o “status” que esses grupos exerciam na sociedade, impediram que o Mestre fosse extremamente rigoroso e justo com eles. É possível que membros desses grupos dissessem –“Quem pensa que é esse carpinteiro pra nos ofender dessa forma?”. Eles não compreendiam que, para Jesus, aquilo que eles supervalorizavam não tinha valor –“status”, poder, religiosidade, politicagem, riqueza, prestigio... Jesus estava preocupado com a mudança interior de cada um. “Se não tiveres o coração como de criança, não verás a Deus...", “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus...”, “Quem manda, seja como quem serve...”, “Quem quiser ser o maior, que seja o menor...”, “De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?”... Em nenhum momento, em nenhuma circunstância Jesus pregou outra atitude a não ser “a mudança do coração”. Aí residiu o grande conflito entre o Mestre e os religiosos da época. Eles buscavam “as coisas deste mundo”. Jesus queria lhes mostrar que eles deveriam “abrir mão” de tudo aquilo que os aprisionava “e, assim, passarem a adorar a Deus “em espírito e verdade”. Para Jesus, o Reino dos Céus, que os Judeus também queriam, não poderia ser construído sem sentimentos nobres –como sinceridade, amor, justiça.. – a ausência de tais sentimentos provocou a “queda” do primeiro casal, deve ter pensado Jesus.
"Escribas e fariseus hipócritas". Hipocrisia. Primeira causa da indignação do Mestre. As atitudes e comportamentos dos escribas e fariseus não estavam de acordo com a religiosidade deles. Faltava-lhes sinceridade. Fingiam virtudes que não possuíam. Pregavam “coisas que não praticavam”. “Fazei tudo o que eles dizem, mas não façais nada do que eles fazem...”, disse amargamente Jesus. Por causa da hipocrisia deles, Jesus afirmou: - “as prostitutas vos precederão no Reino dos céus...”. Que tragédia. Para Jesus, as prostitutas eram mais dignas e sinceras que eles. E haja dor e decepção no coração do Senhor da Verdade.
Um outro motivo parece ter sido a profunda ingratidão e incompreensão por parte dos líderes religiosos sobre a Providência celeste. Sobre isso, Ele disse certa vez: -
“Se vocês acreditassem em Moisés, acreditariam também em mim, pois de mim escreveu ele...”
Portanto, a decepção que seu próprio povo lhe causara fora também uma das razões para que Jesus utilizasse essas frases devastadoras contra, principalmente, os lideres religiosos. Parece-me terem sido estes, os dois principais motivos que levaram Jesus a indignar-se contra eles, a ponto de declarar: “... Vós tendes por pai o demônio e vós quereis fazer os desejos de vosso pai...”.
Que horror... O povo escolhidos de Deus, havia trocado de pai. Imagino com que dor amarga no coração Jesus foi obrigado a fazer essa declaração. Segundo o próprio Jesus, o povo a quem Deus houvera escolhido, havia trocado de pai. Era um pai terrivelmente cruel. “Jesus deu as características dele”... - “Ele foi homicida e traidor desde o princípio...” Ao fazer esta declaração, lágrimas de decepção dor, angústia e amargura devem corrido pela Sua face sulcada de rugas. Sim, rugas produzidas pela exposição excessiva ao sol escaldante do deserto. Aqueles a quem Deus havia investido todo sacrifício e esforço para prepará-los a fim de cooperarem e apoiarem Sua missão, agora eram um de seus adversários, deve ter pensado Jesus.
Imagino que nesse tenso momento, o “HD” de Jesus processou e trouxe à mente dEle o sofrimento do povo no cativeiro da Babilônia, a escravidão no Egito, o sofrimento de Noé, Abraão, Moisés... de tantos outros, porque todos os trabalhos de Deus e dos profetas do Velho Testamento se resumiram nele - Jesus.
Mas o povo, principalmente, os líderes, não foram capazes de compreender isto. Por isso, as palavras do Mestre não eram só devastadoras. Já era um juízo para um povo que se negava a compreender a vontade dEle e a de Deus...
Por isso chorou... CHOROU AMARGAMENTE...
Marcos Antonio Vasco Rodrigues

Esta obra está registrada e licenciada. Você pode copiá-la, distribuí-la, exibi-la, executá-la desde que seja citado o autor original. Não é permitido fazer uso comercial desta obra.
Publicado em: 05/05/2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sinto muito, mas preciso falar...

Ele largou tudo pra ficar com ela...

Absalão estava sozinho. Passava das dez da noite. O olhar de seu pensamento estava fixo no sorriso, na figura singular de Marinny. Sua mente fervilhava, seus corações - o da alma e o do corpo – estavam inquietos, tensos...
Repentinamente, o telefone toca. Pega apressadamente o telefone, olha o visor. Número desconhecido. Quem seria? Alô? Disse uma voz doce e calma, parecia uma sinfonia de Bethoven. Então perguntou – Quem é? A doce e suave voz desapareceu dos ouvidos, como um relâmpago desaparece do horizonte. Oh! Ela desligou. Por que fez isso? Teria ficado decepcionada por Absalão não ter reconhecido de imediato sua voz? Mais do que nunca, o jovem Absalão estava carente daquela voz, da dona dela. Precisava esvaziar seu coração. Sua alma estava lotada de interrogações, dúvidas, incertezas...
Após alguns minutos, o telefone volta a tocar, quebrando o silêncio do quarto de Absalão, e fazendo seu coração disparar. Era ela de novo. O coração do moço abriu um largo sorriso. – Você já estava dormindo? – perguntou a doce e angelical voz. Não, não... Estava aqui... Pensando. Foram poucos segundos de conversa, mas o suficiente para aliviar a alma de Absalão.
Afinal, o que estava acontecendo ao jovem rapaz? Sempre fora resistente a sentimentos desse tipo, pois afirmava que um coração dependente de outro o deixava fragilizado. Agora parecia estar nocauteado pelo sentimento que floresceu dentro dele por aquela quase desconhecida jovem.
A lembrança, a ausência dela o deixava no tapume. Parecia ter recebido um cruzado de esquerda de Tayson.
A moça que mal conhecia, mas que tirava sua paz, parecia ser de boa índole. Demonstrava ser sincera, fiel, companheira. O coração dela também ansiava por um coração semelhante ao de Absalão. Era muito carente e solitária. Combinava, sim, com Absalão!
Por que não dar uma chance a si mesmo? Pensou.
Há várias estações. Mas o coração do rapaz até aquele momento só conhecera uma – o verão, por isso seu coração era como um vale árido e desolado. Sua alma precisava sentir o gosto das outras estações – a primavera traria as flores e o perfume, o inverno água para irrigar o território seco de sua alma. Aquela jovem, na mente dele, simbolizava inverno e primavera.
Uma frase veio-lhe à mente – “Os barcos estão seguros se permanecem no porto, mas eles não foram feitos para isso”. Esta frase fortaleceu sua decisão.
Lembrou das caravelas de Cabral, das três embarcações de Cristóvão Colombo e decidiu-iria, sim, sair do porto no qual sempre estivera ancorado e como os navegadores, iria enfrentar as bravuras do mar e do desconhecido. Iria à busca de novos horizontes, de um porto seguro. De “terra que emana leite e mel”.
Pensou, ainda, que cada pessoa é só metade dela mesma. Ela precisa achar sua outra “metade” e assim se unirem como flor e ramo, como mente e corpo.
Não que a outra metade possa preencher “o buraco existencial” da outra pessoa. Percebemos que no próton e no elétron, eles se precisam e se completam naturalmente.
Por isso, o irrequieto e necessitado coração de Absalão largou tudo e ficou com ela, só com ela...
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Publicado em: 27/04/2009

Sinto muito, mas preciso falar...

Palavras e Frases na U.T.I.


Algumas palavras criadas para expressar sentimentos nobres perderam gravemente sua essência, seu conteúdo original. Como nós, tais palavras e expressões precisam ser restauradas.Quem duvida que frases como “meu bem”, “meu amor”, “eu te amo”, ”beijos” e tantas outras tenham a mesma força de alguns anos atrás, por exemplo, nos anos 70?Transformaram “meu amor”, “meu bem” e outras expressões eternas em vocativos, nomes próprios... “Meu amor ,você vem hoje?”, “Meu bem, hoje não posso te atender”. O problema não está em se chamar alguém de “meu bem” ou “meu amor”, mas no fingimento e na falta de sinceridade escondidas,às vezes, por trás destas frases e palavras. Como posso chamar de “meu amor”, “meu bem” a pessoas que, às vezes, nem conheço? Eu prefiro ser chamado pelo meu nome, me particulariza, me distingue, é mais sincero. Não me massifica. As palavras “amor”, “eu te amo” são expressões fortes e sérias, mas tiraram a seriedade delas. A palavra “amor” foi criada para expressar o maior sentimento do Universo. Ele está associado à fidelidade, respeito, renúncia, sacrifício. Menos a banalidades.Até mesmo um dicionário da Língua Portuguesa em sua definição sobre “amor” confunde-o com paixão, diz o dicionário: “atração espontânea e intensa por alguém ou por alguma coisa”. Esta definição cabe bem para “paixão” que é como um relâmpago, é centralizada no imediatismo, busca alegria e prazer próprio. Ao passo que o “amor” cresce com a maturidade da pessoa e é alimentado por sentimentos nobres.Além disso, “meu amor”, “meu bem” se utilizadas fora do sentido original podem assumir outros significados.Alguém poderia chamar outro de “meu amor”, “meu bem”, somente para agradá-lo e assim passar, a idéia de uma pessoa dócil e amável, ou ainda, serem usadas de forma irônica. “Meu amor” pode ser “meu inimigo”. No caso ,ironia. Pode-se, ainda, utilizar estas expressões pela força da cultura, do hábito, de forma “mecânica”. Todo mundo chama todo mundo de “meu bem”, “meu amor”, “meu anjo” eu também passo a utilizá-las, naturalmente, uma vez que a gente tem a mania de repetir o que ouve, sem refletir, analisar. O entendimento incorreto sobre os conceitos de “amor”, “paixão” e “gostar” tem trazido muitos problemas. Muitos crimes passionais, inclusive, não aconteceriam. Às vezes, alguém traído, guardou no coração palavras como “eu te amo”, “eu te adoro”... e acreditou nelas. Não analisou se eram palavras fingidas, mecânicas... ou só um momento de emoção, não comparou as palavras de tal pessoa com suas atitudes, comportamentos...na verdade, não sabemos diferenciar sentimentos tão complexos como paixão e amor. E sobre os “beijos”? Bom dia, boa tarde, boa noite foram substituídas, principalmente, nas comunicações eletrônicas por “beijos”. E qual o problema de se mandar “beijos” a torto e a direito para conhecidos e desconhecidos? Aparentemente, nenhum mal. Mas veja que as pessoas criam ou impedem “aberturas” por meio das palavras. Por exemplo, quando chamo alguém de senhor, senhora estou limitando através das palavras o tipo de tratamento que quero dar e receber, isto se refletirá claramente nos meus relacionamentos.“Se alguém encerra a conversa com “beijos” ela abre, naturalmente, mesmo que não seja sua intenção, uma condição para dizer “beijos” aqui, beijos acolá e assim por diante”.Coitadinhas das palavras. Não é somente a natureza que aguarda ansiosamente a adoção do homem como filho de Deus, como disse o apóstolo Paulo, mas as palavras também.

Marcos Antonio Vasco Rodrigues

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Publicado em: 22/04/2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

A EDUCAÇÃO DO CORAÇÃO


Drogas, corrupção, gravidez na adolescência, desintegração familiar, vícios, AIDS são alguns vilões responsáveis pela perda de valores básicos universais. Sentimentos como respeito, entendimento e fraternidade estão, praticamente, perdidos. Por isso, a violência cresce fortemente. Sofremos muito, pagamos um preço altíssimo porque não temos sido capazes de encontrar soluções eficazes e definitivas para as pragas sociais.
A pouca prioridade que se dá à educação tem sido apontada como a principal causa dos grandes problemas sociais. Entretanto, fazendo uma análise, mesmo superficial, vemos que tal argumento não se sustenta. Os noticiários mostram, diariamente, pessoas de alto nível intelectual e sócio-econômico envolvidas em corrupção, homicídios, crimes passionais, pedofilias e tantos outros desvios de conduta.
Esforços têm sido feitos- As igrejas cristãs vêm aumentado grandemente sua “leva” de fiéis, os governos tem investindo um pouco mais em educação, construindo, inclusive, mais salas de aulas. Entretanto em muitas escolas, o palco da violência, é a própria escola, a própria sala de aula. “O que é que há?”
Além do mais, países que colocam a educação como prioridade, também enfrentam problemas semelhantes aos nossos.
A resposta está, sim, na educação. Mas ela não pode priorizar apenas a obtenção de informação, o desenvolvimento intelectual e a aquisição de habilidades técnicas . Não se precisa raciocinar para deduzir que esse tipo de educação tem se mostrado ineficiente.
A educação verdadeira deve priorizar a ética e a moral, a edificação do caráter, o
fortalecimento e aperfeiçoamento da espiritualidade. Em outras palavras, precisamos de uma “educação do coração”, do contrário estaremos perpetuando a sociedade que “aí está”.

Marcos Antonio Vasco Rodrigues - Professor, escreve um texto por semana

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Publicado em: 15/04/2009
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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sinto muito, mas preciso falar.

Os olhares dos olhos

Dizem os Oráculos de Deus que a sede de nossas emoções e sentimentos é a alma, e uma expressão milenar diz que “os olhos são a janela da alma”, ou seja, eles fazem a conexão entre nosso mundo interior e o mundo exterior, trazem à tona o que está guardado nas colinas de nossa alma, além de serem um dos nossos principais sentidos. Por isso, Jesus afirmou que “os olhos são a candeia do corpo...”.

A forma como são manifestos nossos sentimentos, por meio do olhar, revela a “qualidade” de nossas emoções. Em muitos casos, nosso olhar fala mais do que as próprias palavras. O olhar inquiridor e ao mesmo tempo de misericórdia de Jesus para Pedro, golpeou fortemente o coração do discípulo. O olhar bateu na ferida de Pedro – a negação. Isto o fez chorar copiosamente, levando-o a um sincero arrependimento. Um olhar, apenas, contribuiu para reabilitar e arrancar Pedro da cinza e do pó da traição.

Há uma infinidade de olhares que se manifestam de acordo com a ocasião e a circunstância, vejamos os mais comuns: o olhar dissimulado dá calafrios. Ele esconde, não deixa claras suas verdadeiras intenções, é imprevisível. “É mas não parece, parece mas não é”. Poderíamos qualificá-lo de traiçoeiro. “É manso como um cordeiro e astuto como a serpente”.

O olhar de sensualidade tira a roupa da pessoa visualizada. Vê suas formas e pelos olhos da imaginação faz desse corpo o que quer. Ele é o autor da “traição do coração”.

Mas parece que os olhares que predominam no nosso século são o de decepção, desilusão, desesperança e medo. Eles estão presentes na maioria dos rostos. Um exemplo típico é o olhar de um morador de rua. Hoje, eu contemplei um olhar assim. O dono desse olhar estava deitado na calçada e seu travesseiro parecia ser um saco de lixo. Seu olhar estava crestado pelo abandono e pela indiferença. Pedia um olhar de misericórdia, mas um olhar assim, requer atitude. Naquele momento, só “o olho da rua” o acolhia. Embora uma multidão de olhares passasse todo dia por ali, bem pertinho dele. Eram olhares que viam, mas não enxergavam. Eram olhares sem coração.

Mas há um tipo de olhar que é o senhor de todos os outros olhares. “Eles estão em todo lugar”. Uma lenda grega “pirateou” esse olhar penetrante e infinito atribuindo-o a um “herói da mitologia” – Linceu – (por isso, olhos de Lince). Segundo a lenda, Linceu enxergava através de paredes e obstáculos, inclusive, seu olhar afiado varava o interior da terra, onde via as riquezas ali escondidas.

Mas o próprio nome já define- é só uma lenda. O Deus, cujos olhos estão em todo lugar, é como nós - tem emoção e sentimento e se relaciona indistintamente com todos. A senha para ter acesso às colinas do coração Dele? Bem, a “senha” é um coração sincero.

Há uma infinidade de outros olhares- de curiosidade, de desprezo, de espanto... Eles parecem ser sem fim. Porém, só os olhares que se assemelharem aos do que “estão em todo lugar” estão destinados à Eternidade.

Prof. Marcos Antonio Vasco Rodrigues –Publica uma vez por semana um texto.

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Publicado em: 02/04/2009
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quinta-feira, 26 de março de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

A TRAIÇÃO DO CORAÇÃO

Ela habita o vale profundo do nosso coração. É sutil e tem sob controle a maioria de nós. É arredia e indomável como um cavalo selvagem.
Quem está sob seu domínio faz um esforço enorme para contê-la. São usados como recursos de defesa os argumentos, as justificativas e a razão. Mas não tem jeito. Ela vence os mais sinceros esforços, porque conhece “de cor e salteado” as fraquezas de suas vítimas.
Nem mesmo O Rei Davi, personagem bíblico proeminente e “homem segundo coração de Deus”, conseguiu safar-se de seus tentáculos. Os Faróis (olhos) do corpo de Davi contemplaram o corpo escultural e a beleza estonteante de Bet-Sabat. O Rei não resistiu e a traição traiu o coração do homem de Deus.
Aliás, nossos olhos são uma de suas principais parceiras. Eles fornecem informações e elementos de vitalidade para sua ação e existência. A expressão popular “o coração sente aquilo que os olhos veem”, de certa forma, é verdadeira, embora os olhos sejam apenas um dos nossos sentidos.
Jesus foi incisivo e enfático ao falar sobre a traição do coração “porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela”.
Portanto, o Mestre amplia o conceito de traição. Para o mundo material só há traição quando existe a conjunção carnal. Mas para o Mundo Eterno não é assim. O simples ato de desejar já se configura traição. A intenção também.
Pode-se viver a vida toda com uma pessoa sem nunca traí-la fisicamente ou ser traído, mas caso tenha existido sentimentos de desejo, “fantasia” no coração dessa pessoa por outros parceiros, do ponto de vista do eterno, já houve a traição do coração.
A Historia humana é rica em exemplos de traições que se iniciaram no coração e se materializaram gerando problemas. Cleópatra, rainha do antigo Egito, envolveu-se com Marco Antonio, imperador romano. Seu envolvimento com ele contribuiu para a queda de seu império.
O maior império que a Historia já conheceu teve como umas das causas de seu declínio as traições entre cônjuges da elite dominante do império. Outro exemplo é o caso de Charles e Diana, fato mais recente.
A traição é um inimigo invisível, que se esconde no profundo do coração, mistura-se às emoções e sentimentos, conhece as fraquezas do ser humano e é “doce como favo de mel”. Apesar de toda sua resistência, ela pode ser vencida. “ Ao homem pode parecer impossível, mas a Deus todas as coisas são possíveis” (Jesus)

Professor Marcos Antonio Vasco Rodrigues
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Publicado em: 26/03/2009
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quinta-feira, 19 de março de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

Que me desculpem as bonitas...

Há dois tipos de beleza – a Física (externa) e a interna. A primeira, geralmente, está mais associada à sensualidade, ao mundo material, ao erotismo, ao efêmero, ao orgulho. O segundo tipo de beleza está associada a valores como bondade, sinceridade, fidelidade, respeito, simplicidade...

A idade da primeira é bem curtinha e a da segunda é como Deus - não tem fim.

Quantas pessoas já se enganaram com a beleza física? Acho que contá-las seria como contar os grãos de areia do deserto. Os jovens, principalmente, usam como critério de seleção de seus parceiros, quase tão somente o critério da aparência física. A beleza interna, na maioria dos casos, não é considerada. Nesse caso, a pessoa possuidora apenas da beleza física passa a ser um problema, pois ela passa a ser objeto de desejo, passa a provocar sensualidade por onde passa, sem se falar que tal pessoa pode tornar-se prepotente e orgulhosa por julgar-se superior aos demais.

Vendo a aparência de alguns santos percebe-se, claramente, que não há nenhuma ou quase nenhuma beleza física neles. “Não porque Deus goste apenas dos “feios”, mas parece que os “feios” ficam mais esquecidos do olho do mundo; por isso, talvez, menos assediados. Tendo, assim, mais chances de focarem o alvo na construção da beleza interna”.

Segundo o Profeta Isaías, Jesus “Não tinha beleza, nem formosura”... Deduz-se que a beleza física não é prioridade para Deus, embora ela também, tenha sido obra sua. Todavia ela é secundária.

O ideal era que tivéssemos os dois tipos de beleza: Primeiro a “interna”, em seguida a “fisica”. Mas, caso tenhamos apenas a primeira, ela já será absolutamente necessária para fazermos a Deus feliz e a todos que convivem conosco.

O poeta Vinicius de Morais afirmou há tempos: “Que me desculpem as feias, mas beleza é essencial”. Porém, peço licença à memória do saudoso Vinicius para reconstruir sua famosa frase. “ Que me desculpem as bonitas, mas beleza não é fundamental”.

Professor Marcos Antonio Vasco Rodrigues

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Publicado em: 19/03/2009
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quarta-feira, 11 de março de 2009

Sinto muito, mas preciso falar

Coração da Natureza e
Coração da Alma: Saudosos

A meu ver, uma das estações do ano – o inverno – tem estreita relação com a saudade. A estação invernosa nos traz uma atmosfera de nostalgia e tristeza. Após uma chuva rigorosa, as plantas ficam quietas e silenciosas. O vento fica tímido, o horizonte parece suspirar melancolia e saudade. Os dias são frios, tristes, chorosos.A mão pesada do cansaço sugere que fiquemos protegidos sob o céu do nosso lençol, indefinidamente.Alia-se a toda essa atmosfera a vocação natural da nossa alma para a saudade. Agora mesmo, em plena manhã de quarta-feira, o rosto de minha alma ficou rubro de saudade ,por causa também,da saudade trazida pelo coração da natureza .Mas há uma diferença - o coração da natureza tem um lenitivo para atenuar sua nostalgia – o rei Sol. Ele costuma surgir após chuvas rigorosas, com seus raios quentes e fortes, atenuando a umidade, fazendo as plantas sorrirem, enxugando ruas e telhados. Já que não podemos matar literalmente a saudade, como o Sol mata a saudade do coração da natureza, só nos resta aprender a conviver com ela, porquanto ela não pode ser “deletada”. Está gravada nas tábuas de nossos corações. E que vivamos com intensidade “o agora”, pois daqui a pouco “o agora” será saudade.Não é à toa que a saudade tem sido “uma das musas inspiradoras” de poetas e artistas.Casimiro de Abreu, em um tenso momento de saudade produziu um dos mais belos poemas da Literatura Brasileira “Oh que saudade que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais...” em outro poema intitulado “saudade” ele afirmou – “saudade – dos meus amores, - saudade da minha terra” na música “capela” Paulo Sérgio expressa com força e vigor todo seu saudosismo “quanta saudade sinto da nossa casinha, bem pertinho da pracinha...”Enfim, se já nascemos programados para sentir saudades, de onde vem, então, esse sentimento? Seria do coração de Deus?



Marcos Antonio Vasco Rodrigues
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Publicado em: 11/03/2009
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quarta-feira, 4 de março de 2009

SINTO MUITO, MAS PRECISO FALAR

Solidão: Dor que não poupa a ninguém


Desde que nascemos estamos destinados a vagar pelas fronteiras da solidão. Não me refiro a essa solidão de estar em local desabitado e ermo, mas à solidão interior, essa insatisfação sentimental e emocional que afeta o nosso coração.
Vendo um pouco a História da arte e as obras de alguns autores importantes das artes plásticas, literatura, música, pintura e teatro, percebi que os autores projetaram sua solidão naquilo que produziam, talvez “até sem se darem conta disso”. Senão vejamos:
Goethe, um dos mais importantes escritores alemães, parece ter manifestado sua solidão na pele dos personagens Werther e Carlota no romance “ Os Sofrimentos do Jovem Wether”. Goethe narra a história de uma paixão desenfreada do jovem por Carlota, uma senhora casada. Werther não conseguindo realizar seu sonho, deixa levar-se pela agonia e se suicida.
Outra história parecida com a de Goethe é a peça produzida por Shakespeare, o maior escritor Inglês. A peça narra a história de dois jovens apaixonados - Romeu e Julieta - que não podem matar a solidão de seus corações por pertencerem a famílias inimigas. Teriam tais autores tido o desejo de mostrar a inviabilidade de se satisfazer os desejos de nossos corações, embora haja conteúdos para isto? Não sei.
Lembra do Pierrô? Pois bem, esse personagem apresentava como características a ingenuidade e o sentimentalismo. Mesmo ingênuo, a solidão habitava a sala de seu coração. Ele suspirava de paixão por Colombina. Mas havia um problema: o coração da Colombina já pulsava por Arlequim um espertalhão preguiçoso e insolente. Pierrô amava a Colombina que amava Arlequim que não amava ninguém. Resultado: três corações solitários. Pode-se, ainda, observar dramaticidade e agonia projetadas nas pinturas de Velázquez, Caravaggio, Goya. A solidão de seus corações foi pintada, também, ali.
Poetas do Romantismo brasileiro como Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo e Junqueira Freire, apesar de terem mergulhado fundo na valorização dos sentimentos não encontraram lenitivo para a solidão de seus corações. Pelo contrário, tornaram-se mais melancólicos e pessimistas. Nem mesmo a utilização da poesia como forma de extravasar seus dramas existenciais amenizou a solidão de seus corações.
Os poetas barrocos investiram seu esforço e criatividade para tornarem “ amigas” forças inimigas – alegria x tristeza, pureza x pecado, Deus x diabo. Por acaso, a água se une ao óleo?Jesus lhes teria dito - “ As trevas não se unem à luz”.
Renato Russo, considerado o maior compositor do rock brasileiro, apesar de amado e aplaudido por milhões de admiradores, parece não ter encontrado conteúdo suficiente para amenizar a solidão de seu inquieto coração. As letras de suas músicas mostram isto, claramente. Definhou precocemente, aos 36 anos, de forma trágica. Sem se falar em Elvis Presley e tantos outros que tiveram destinos semelhantes.
É! Nosso coração (alma) – parece dispor de um detector de falsos conteúdos – não se deixa enganar por aplausos, racionalismos, fama, riquezas e, sufocado, REAGE. O que ele quer realmente? Bem, não tenho a receita. Fui produzido com a mesma “fôrma” dos outros ”HOMO SAPIENS”, por isso enfrento os mesmos problemas.
Agora mesmo, no momento em que estou escrevendo este texto, uma solidão doída veio a galope e bateu à aporta do meu coração. Com que armas me defenderei? Seguirei o conselho de um humilde pastor de ovelhas, que depois se tornou poeta, rei, estrategista de guerra e, principalmente, servo do “Ego Sum” (EU SOU) - Deus amoroso e fiel. Davi afirmou em um dos seus momentos de amarga tribulação.” Deus é o nosso refúgio e fortaleza socorro bem presente na angústia”. COM LICENÇA, VOU CONVERSAR COM DEUS.

Professor Marcos Antonio Vasco Rodrigues
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Publicado em: 04/03/2009
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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

SINTO MUITO, MAS PRECISO FALAR

Beijar é Perigoso

-“Ontem (sexta-feira) eu beijei dezoito, hoje até agora (20h) eu já beijei seis”, respondeu, muito empolgado, um jovem folião a um repórter de um telejornal que lhe perguntara quantas mulheres já havia beijado desde o início do carnaval.
Como tantos outros costumes, o beijo na boca também foi banalizado. Beija-se por beijar, para fazer número. Já que os números são frios, que o beijo, também, seja frio, insosso, insípido, de modo que não alcance o coração da alma.
Não faz tanto tempo, o beijo na boca era demonstração de forte afetividade e até de compromisso. Somente havia beijo na boca se houvesse reciprocidade afetiva entre o casal. Beijar na boca era como dizer: “eu te aceito”, “eu gosto de você”. Assim, o beijo gerava mistério, encanto, ia-se às nuvens. Passava-se a semana toda com o sabor do beijo e a lembrança da pessoa amada. Era com ansiedade que se aguardava a chegada do sábado e do domingo para ir à casa da namorada para renovar os beijos, porque o próprio tempo trabalhava como elemento de valorização do beijo. Havia até uma frase – “beijo na testa é carinho, beijo no rosto é respeito, beijo na boca é amor”.
Beijar na boca era algo tão sério que não se beijava na frente dos pais, raramente alguém se beijava em público. Creio que os meios de comunicação, principalmente a televisão, têm uma grande parcela de culpa na banalização não só do beijo, mas também da sexualidade, especialmente entre os jovens.
“... Fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião à carne...” advertiu o apóstolo Paulo, há tempos.
Há, ainda, um outro problema grave envolvendo o beijo. Segundo um médico que escreve artigos em um site sobre saúde, “o beijo na boca pode transmitir várias doenças, inclusive, as sexualmente transmissíveis. As pessoas trocam saliva, sais minerais e uma grande quantidade de microorganismos, muitos deles causadores de doenças tais como - cárie, gengivite, faringite, laringite, herpes labial, mononucleose, hepatite A e B, HPV, uretrite, candidíase, gripe, tuberculose, sífilis e gonorréia. Se o beijo acontece entre duas pessoas que apresentam sangramento na gengiva ou qualquer ferimento na boca, o HIV pode penetrar na corrente sanguínea”.
Já que não é possível saber pela aparência,- pois quem vê cara, não vê doença - quem está sadio ou não, penso que a melhor receita é ser fiel a uma só boca. Assim, caso se venha a contrair alguma doença por meio dessa boca, nossa consciência de pronto fará a seguinte defesa -“ pelo menos eu ‘peguei’ essa doença de uma pessoa de que gosto!






Marcos Antonio Vasco Rodrigues
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Publicado em: 25/02/2009
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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

SINTO MUITO, MAS PRECISO FALAR

A FRAGILIDADE DA RIQUEZA


Acordou cedinho. Foi ao banheiro, tomou seu banho matinal, escovou os dentes, penteou os cabelos, perfumou-se. Sentou-se à mesa e tomou seu café preparado por seus súditos.
Em sua mansão ele tinha onze empregados, que o tratavam como rei. Externamente aquele homem demonstrava, como sempre, firmeza e vigor, apesar de seus 65 anos. Todavia, internamente ,ele estava arrasado, deprimido, amargurado. Em seguida, dirigiu-se à linha do trem e deitou-se sobre os trilhos.
Já sabia a hora em que o trem passaria. Em poucos segundos, milhares de toneladas de ferro passaram sobre seu corpo deixando-o irreconhecível. Quem praticou esse ato extremo não foi um mendigo, um homem traído pela amada nem tampouco um desempregado. A fortuna desse homem segundo a revista ‘Forbes’ está avaliada em mais de US$ 9,2 bilhões e suas empresas empregam mais de cem mil trabalhadores. Mesmo com prejuízo de US$ 1,5 bilhão, por causa da crise financeira internacional, Adolf Merckle ainda estaria na lista dos homens mais ricos do mundo.
Nada melhor do que a vida desse coitado homem para demonstrar a inutilidade das riquezas diante das crises existenciais (espirituais). Adolf tinha dinheiro sobrando, prestígio, influência, família. Aos olhos do mundo era o modelo de pessoa bem sucedida. Quem poderia imaginar que um homem assim estivesse tão debilitado a ponto de tentar contra a própria vida?
“De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro...?” ou “Onde estiver o tesouro do homem aí estará seu coração...”, disse Jesus.
Diariamente, na ida ou na volta ao trabalho, deparo-me com várias pessoas que têm como teto apenas o céu azul. Dormem nas calçadas, não têm onde reclinar a cabeça, utilizam papelões como lençol, todavia creio que elas não pensam em praticar suicídio.
Obviamente, a vida que levam é uma tragédia, mas pelo menos não tiram a própria vida, isto é importante porque enquanto vivos, há a possibilidade e esperança de alguma mudança, principalmente, no aspecto espiritual de suas vidas. Do ponto de vista de suportar as agruras, as perdas (família, esperança...) tais mendigos são superiores aos bilionários que não resistem, às vezes, a pequenas perdas e se matam por causa de pequenos prejuízos. (Pequenos em relação ao que possuem).
Do exemplo desse homem podemos chegar a algumas conclusões – bens materiais, prestígio, poder não satisfazem necessidades espirituais. “O que é da terra é da terra, o que é do céu é do céu...” disse Jesus. A riqueza, o poder não devem ser o foco, o alvo principal do ser humano, eles devem vir em segundo plano como complemento. “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus...” disse Jesus. “E que sozinho, independente do que somos ou temos, sem a ajuda de Deus ninguém resiste às crises existenciais (espirituais).



Marcos Antonio Vasco Rodrigues
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Publicado em: 18/02/2009
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